Paulo César Pereio (1940 – 2024)
Trip FM resgata entrevista de 2007 para homenagear ator histórico do cinema brasileiro
Créditos: Marcelo Bormac (@marcelo_bormac)
Por Redação
em 31 de maio de 2024
“Eu sou a pessoa mais pacífica do mundo e se alguém for mais pacífico do que eu já vou cobrindo de porrada”, declarou Paulo César Pereio em entrevista ao Trip FM em 2007. O ator que fez história no cinema brasileiro e faleceu no último dia 12, aos 83 anos, é o homenageado do programa desta semana. Com mais de 60 filmes no currículo e inúmeras peças de teatro, foi dirigido por nomes como Glauber Rocha, Arnaldo Jabor, Hugo Carvana, Ruy Guerra e Hector Babenco. Figura polêmica, arrumou muitas brigas com diretores devido a sumiços e atrasos, e ficou marcado por sua ironia, irreverência e pela expressão “porra”, com a qual costumava pontuar o final de cada frase.
Como ele mesmo não gostaria de uma despedida muito sentimental, o Trip FM relembra uma entrevista de 2007 cheia de bom humor e muito palavrão — uma das suas marcas registradas.

Trip. É verdade que você não assiste aos seus trabalhos?
Eu sempre detestei me ver. Só boto defeitos, me prejudica de fazer outras coisas. Inclusive criticar os outros também não é nada bom, porque você joga tudo para dentro. Aquilo que você disse que é babaquice entra na sua consciência e você passa a se proibir de fazer a mesma coisa.
E como enxerga essa nova leva de filmes brasileiros?
O cinema nacional está ganhando o universo. As coisas mais regionais são as que melhor refletem o universo. O funk é algo fantástico, oxigenado, com vida. O morro está descendo.
Como você reage às críticas ao período da pornochanchada?
Pornochanchada não era pornô porque a censura era muito rigorosa. Seio tinha que ser singular, só podia um, bunda ia até certo ponto e pentelho nem pensar. Piroca então… Mas foi a escola fundamental do cinema brasileiro. O que é uma estética? Começa com uma obra e depois a imitação da imitação vai resultar numa tendência, uma escola. Os filmes do Mel Brooks e outros de Hollywood se apropriaram dessa irresponsabilidade, dessa imitação do real, das coisas como realmente são. Já o cinema novo não foi enraizado na cultura brasileira, uma cultura muito vigorosa.
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