Julio Cortázar e eu explicamos pra você!
“O acaso me levou até eles em uma manhã de primavera em que Paris abria suas penas de pavão depois do lento inverno. Desci pelo bulevar Port Royal, peguei a St. Marcel e L´Hôpital, vi os verdes no meio de tanto cinza e lembrei dos leões. Era amigo dos leões e das panteras, mas nunca tinha entrado no edifício úmido e escuro do aquário...
... Deixei minha bicicleta encostada na grade e fui ver as tulipas. Os leões estavam feios e tristes enquanto a minha pantera dormia. Optei pelo aquário e me deparei com peixes vulgares até me encontrar, de forma inesperada, com os axolotl. Fiquei uma hora olhando pra eles. E saí incapaz de qualquer outra coisa”.
O texto acima é um trecho do conto “Axolotl”, de Julio Cortázar, e foi livremente traduzido por mim. Ele fala de um bichinho que muita gente imaginou ter saído da cabeça linda e fervilhante de Cortázar. Lêdo engano.
Acabei de descobrir através de uma mensagem do amigo Gustavo Pacheco no Facebook que o axolotl em questão não só existe como é a coisa mais bonita desse mundo. Ele é da família das salamandras e, pelo menos em todas as fotos que eu vi no Google Images, está sempre sorrindo.
E com os bracinhos abertos. Tipo o bicho-preguiça, que dá vontade de apertar e não soltar nunca mais. A conclusão é que eu agora eu quero porque quero ver um desses ao vivo. E fiquei sabendo que tem um exposto na Fundación Proa.
“É uma exposição de arte conceitual, obras de 1965 a 1975 (Cildo Meirelles, Marta Minujín e vários outros). Uma das obras, agora não me lembro de quem era, tem no meio um aquariozinho com o axolotl. O bicho me impactou mais do que todas as outras obras juntas”, o Gustavo escreveu.
E, pela janelinha do Facebook, prosseguiu: “Eu fiquei absolutamente perplexo olhando pra ele, aí balbuciei pra moça que guia os visitantes : "quê que é isso?" E ela me respondeu como se fosse a pergunta mais idiota do mundo: "é um axolotl, ué".
Enfim, fica aí mais um post para o quadro “você sabia?” e uma excelente dica de cultura em Buenos Aires: visitar a Fundación Proa, um museo lindíssimo que está no bairro La Boca perto da Bombonera e do Caminito.
E pra quem quiser ler o conto completo (em espanhol), tá aqui o link.