Ex-parceira do Supla, a musa roqueira dos anos 80 agora faz música religiosa em Berlim
Em uma temporada em Berlim, a editora desta seção consegue ficar cara a cara com a musa dos anos 80 e ex-parceira do Supla. Descobre que Nina Hagen virou uma Baby Consuelo alemã (ela agora faz música religiosa), mas continua o máximo. E fofa.
Antes de tudo, um segredo. Quando eu era criança, dancei na escola fantasiada de Nina Hagen. O grupo usou perucas de ráfia e dublou "New York, New York", o grande hit da moça, lá por 1985. Se você nasceu depois disso, uma explicação. A Nina Hagen era a Lady Gaga nos anos 80. Uma ídola. E foi para ela que o Supla fez a música "Garota de Berlim".
Vinte e cinco anos depois, estou sentada em uma igreja luterana de Berlim prestes a ver Nina entrar para fazer seu show. Sim. Nina Hagen está viva. Cantando. E ela é uma espécie de Baby Consuelo alemã, já que canta músicas religiosas. Só que, bem, ela é de Berlim. Então, suas músicas, apesar de falarem muuuito de Deus, falam também de fascismo. E Nina faz discursos entre as músicas falando mal do Bush e dos fascistas que acabam com o planeta.
A igreja está lotada. Reconheço que mais da metade dos presentes é religiosa. Alguns gatos-pingados são como eu: pessoas de seus 40 anos nostálgicas. Estas olham curiosas para o palco e dizem: "Não tenho opinião formada sobre isso que está acontecendo". Elas têm o ar confuso. E eu também. Mas, justiça seja feita, a Nina Hagen ainda é o máximo.
Ela não está excessivamente botocada, está bem, veste um modelo incrível e ainda usa sua maquiagem característica, com os olhos bem puxados. E não pense que ela é um fenômeno só brasileiro. Várias redes de TV estavam presentes. E um monte de jornalistas com bloquinhos.
Agora vem o ponto alto deste texto. Eu me juntei a eles e... ENTREI NO CAMARIM DA NINA HAGEN!!!! A própria surge simpática carregando uma xícara de chá na mão. Cumprimenta um por um. Quando chega a minha vez, digo logo que sou do Brasil. Nina, claro, lembra do Brasil (ela fez um megassucesso no Rock in Rio 1) e diz que pretende voltar. Seja com seu show, seja para passear. E, na frente de toda a imprensa internacional, faço a pergunta mais importante de todas: "Você lembra do Supla?". "Claro que eu lembro", ela diz. "Ele é meu amigo", respondo. "Meu também", diz Nina (os jornalistas internacionais olham como se eu fosse uma louca falando sânscrito). E pergunto se ela quer mandar algum recado para o nosso amigo. "Não só para ele, mas também para o Brasil, eu desejo paz, o mundo precisa de amor, de muito amor e de paz." E... depois disso, eu abraço a minha ídola.
E quase me torno luterana. Cantarolando pelas ruas de Berlim "All you fascists bound to lose". Algo como: "Todos vocês, fascistas, são obrigados a perder". E o hit "Personal Jesus". As Ninas (todas elas) são tudo, vai.