devagar a gente chega lá mais rápido
Kathmandu é a capital do Nepal mas me lembra a Bahia. Não só porque aqui tem todos os santos, mas porque parece “carnaval na Bahia” todos os dias. Pelo menos em Tamel, bairro dos mochileiros, boêmios e malucos do mundo todo.
Eu moro em Boudha, bairro onde fica a Grande Estupa (linda!) e a comunidade tibetana, com a Graziela, minha filha de 4 anos. Aqui é monge para todo lado e tiazinha tibetana carregando mala (rosário tibetano) cantando mantras. Mas vira e mexe lá estou eu em um táxi caindo aos pedaços, rumo à Tamel para encontrar meus amigos.
Como tem gente do mundo todo chegando e saindo o tempo todo, rola uma euforia: festas e pegação correm soltas. Tem bofes e guapas para todos os gostos: suíço, alemão, espanhol, holandês, australiano, americano, austríaco… muita gente bonita e com espírito livre, afinal que tipo de gente vem se aventurar no Nepal? Fora os nepalêses e tibetanos, mas entre esses rola um abismo cultural. Eles não entendem muito bem o jeito das ocidentais, principalmente das que vêm passar férias e apavoram. Acham todas bitches. As nepalêsas são tipo as ocidentais dos anos 50, bem família, saem pouco à noite, são educadas para casar e não tem liberdade sexual. Tudo bem, tem o time das moderninhas, mas é a minoria.
E foi aqui que eu vim parar com a minha filha. Logo eu que adoro um babado! Imagine que eu morei 4 anos num monastério budista e 1 ano na Índia, ao lado da comunidade de refugiados tibetanos e do Dalai Lama, me dedicando ao estudo do budismo e a cuidar da minha pequerrucha. Só para se ter uma idéia, na Índia onde eu morei, não se usa camiseta regata, mostrar os ombros é um escândalo e meninas dando mole na rua depois das 19h correm o sério risco de serem estupradas.
Tô adorando essa festa que é Kathmandu. E tô adorando mais ainda ficar no meio dessa festa depois de 5 anos retirada. Tendo em mente que todas as experiências são um espelho da nossa própria mente, é bem divertido me conhecer novamente nesse babado todo. Para completar voltei a projetar, VJ é coisa inédita por aqui. E achar o caminho do meio no meio dessa zona é um passa tempo bem divertido.
A primeira boa mudança made in Kathmandu foi que antes eu me interessava pelos rapazes por todas razões erradas. Sempre porque ela era bonito, e aí variava, porque tem banda, é loiro, tem corpão, pega onda bem, é mega culto…bom, eu avisei que era pelas rezões erradas! Tipo pegar um trem porque o banco é de veludo sem saber onde é o destino. E nesse tempo que eu me dei longe do mundo, eu aprendi a me conhecer e a gostar de mim. Agora, quando me interesso por alguém é porque ele tem bom carater, é bom amigo, trata bem as amigas, é inteligente, é sensível, acha legal eu ser mãe, pensa nos outros e tudo isso torna o rapaz good looking. Demorou quase 40 anos para eu aprender a não me jogar na primeira impressão, criar mil fantasias e dar tiro n'água. O bom é ir com calma, pois devagar a gente chega lá mais rápido.
Hoje é sexta e tem festa. E ele vai estar lá… wish me luck!