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Já Matei por Menos

por Natacha Cortêz

A jornalista Juliana Cunha lança livro que traz uma seleção de textos de seu blog

Aos 25 anos, a jornalista Juliana Cunha está prestes a lançar seu segundo livro, que traz o nome e os textos de seu blog, Já Matei Por Menos.

Como primeira publicação da recém fundada editora Lote 42, criada pelos também jornalistas Thiago Blumenthal e João Varella, o livro contempla uma seleção de posts escritos por Juliana desde 2002, quando começou com o diário virtual. Sobre a curadoria deles, ela conta: "Separamos os textos que mereciam ser salvos e demos um tapa. Eu não quis descaracterizar os posts. Se topei fazer uma coletânea então tenho que topar mostrar que os textos velhos eram mais fracos e que já fui mais boba, mas retirei coisas que me incomodavam de verdade."

Para Thiago, a aposta nos textos da jornalista confirma o conceito da nova editora, "não acreditávamos que até hoje nenhuma outro selo tinha publicado os textos do Já matei. São ótimos, têm inúmeros fãs que iriam gostar de recuperá-los no formato livro e ninguém deu atenção. Nós demos. E essa é a proposta da Lote. Ficar ligado em tudo na internet que pode gerar um trabalho bonito e que repercuta também em livro. Em um formato, que acreditamos, é mais formal mas que não morreu nem vai morrer tão cedo."

A capa da edição é de autoria de Laurindo Feliciano, artista mineiro radicado em Paris. É também a estreia do artista no mercado brasileiro. O prefácio ficou por conta de Luiz Horta, colunista do Estadão, e a contracapa é do escritor Emilio Fraia.

Para a Tpm, Juliana falou mais sobre o novo projeto e as mudanças de levá-lo literalmente para o papel.

Tpm. Você é uma autora relativamente nova, e que a princípio se destacou justamente pelo seu blog. Ele abriu muitas portas pra você? Quanto importante ele foi como vitrine?
Juliana. Acho que o blog abriu portas na minha vida pessoal, mas não tanto na minha vida profissional, até porque nunca quis usá-lo como vitrine. Quem escreve como ganha pão geralmente sente falta de ter um espaço onde possa escrever puramente por lazer. É por isso que nunca quis colocar publicidade ou ganhar dinheiro de maneira alguma com o Já Matei Por Menos. Quando escrevo para o jornal o texto tem que agradar o editor e os leitores. Quando escrevo no blog só quero agradar a mim mesma. É o tipo de coisa que não dá para fazer se o seu sustento depende daquilo.

"Quando a editora me chamou para fazer esse livro eu disse para eles que 2005 ligou e pediu o livro de blog de volta"

Como é lançar os textos do blog hoje em formato de livro? Houve alguma adaptação para o novo formato? É uma coisa meio ultrapassada isso de lançar livro com textos de blog, algo que todo mundo já fez por volta de 2005. Blog pessoal do jeito que eu faço também é algo datado, hoje em dia eles são sobre temas específicos. Quando a editora me chamou para fazer esse livro eu disse para eles que 2005 ligou e pediu o livro de blog de volta, mas depois pensei bem e acho que eu meio que continuo apegada ao jeito como a internet funcionava há alguns anos. Era com aquela internet que eu me identificava, muito mais do que com a internet de hoje.

Os textos foram revisados e levemente adaptados. É uma coisa horrível reler textos velhos porque a pessoa percebe o quão pequena já foi. A maior parte do histórico do meu blog é puro lixo. Separamos os textos que mereciam ser salvos e demos um tapa. Eu nao quis descaracterizar os posts. Se topei fazer uma coletânea então tenho que topar mostrar que os textos velhos eram mais fracos e que eu já fui mais boba, mas retirei coisas que me incomodavam de verdade.

Existe a intenção de trazer um novo público para os seu textos? Não, o público do meu blog já alcançou seu limite de saturação e fico feliz com isso. Acho que me encontro no melhor metro quadrado da internet: meu blog não é daquele tipo lido apenas pela mãe e pelo ex-namorado do blogueiro, mas também não é daqueles sites bombados que acabam virando um estorvo para o dono. Tenho um número ok de acessos e de visibilidade. Não me sinto falando com as paredes, mas também não preciso ficar preocupada com o excesso de repercursão dos meus erros.

Como foi a seleção de cada texto? Quais critérios usou? Os editores do livro fizeram uma triagem inicial e separaram todos os textos do blog que eles achavam que tinham potencial. Daí eu vetei os que realmente detestava e fizemos uma revisão do material.

 

"Meus dois livros funcionaram pra mim como 'projetos especiais', coisas que deixaram minha vida mais feliz, mas que eu consigo enxergar na dimensão que eles de fato têm"


É seu segundo livro. Como é a sensação desta vez?
É menos tenso do que o primeiro, com certeza. Meus dois livros funcionaram pra mim como “projetos especiais”, coisas que deixaram minha vida mais feliz, mas que eu consigo enxergar na dimensão que eles de fato têm: não são nem pretendem ser obras de arte ou literatura.

Além do lançamento do seu novo livro, é a primeira publicação da Lote 42. Quanto e como isso é especial pra você? A Lote 42 é uma editora nova, pertence ao meu namorado e a um amigo. Nasceu em torno de mesas de pizza e tem projetos de livros muito legais. é muito complicado lançar uma editora pequena. As livrarias comem 50% do valor dos livros vendidos por lá. A gráfica é mais cara para tiragens menores, a logística é complexa, assim como a distribuição. Tenho muito orgulho deles por se meterem nessa furada e sei que a editora ainda vai fazer muitos livros legais.

*Abaixo, o teaser que dá uma pista de como é o novo projeto de Juliana.

Vai lá: lançamento do livro "Já Matei por Menos"
Quando? sábado, 23/03, às 16h20
Onde? Rua Bahia, 1282, Higienópolis. São Paulo - SP
Quanto? evento gratuito. O livro pode ser comprado no site da Lote 42 e em livrarias. Quem comprar pelo site da editora pode escolher se quer autógrafo ou dedicatória
Informações: www.lote42.com.br

Já Matei por Menos, o blog: www.julianacunha.com/blog

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