Sob o sol da manhã

por Camila Eiroa

Projeto de Santa Catarina incentiva o surf feminino e uma vida mais saudável

Se sereias são aquelas que vivem perto do mar e buscam uma vida natural e saudável, as Filhas do Mar podem ser chamadas assim. O grupo dá nome a um festival anual que reúne mulheres que surfam em Santa Catarina em um dia repleto de atividades só para elas: do surf a aula de yoga, música e outras modalidades de esportes com prancha. Tudo à beira mar.

A primeira edição, ainda chamada Garotas no mar, aconteceu em 2006, na praia da Ferrugem e foi organizado pela massoterapeuta e surfista Cláudia Aragão, de 35 anos. "É difícil trabalhar com homens, eles são mais fechados. Resolvi fazer um projeto só para meninas", diz. A proposta é trazer para o evento os universos de cada uma das participantes, que não o surf. "A gente já revelou diversas artistas. Professores de yoga, de dança, de circo. Uma vai chamando a outra", conta.

O pontapé para fazer o Filhas acontecer foi a mudança de Cláudia para Garopaba, bem pertinho de Florianópolis, aos 20, onde teve uma filha com o shaper Adriano Pigmeu, seu marido. Lá, o surf começou a ganhar mais espaço em sua vida independente da maternidade. "Eu passava o dia na praia com a minha filha ainda bebezinha. Assim que ela dormia, colocava na cadeirinha e me jogava no mar", lembra. Ela já pensava em maneiras para incentivar o esporte para o público feminino, mas sentiu que precisava fazer isso com novas parceiras.

“A sociedade é machista, não só o surf. Então, acaba refletindo”
Cláudia Aragão

Não à toa, a jornalista esportiva Ingrid Decker (30) entrou para o time. O contato foi através de um grupo de surf feminino no Facebook. A curitibana, que é "bodyborder a vida inteira", hoje faz parte da equipe do festival, que está em sua quinta edição e acontece anualmente desde 2011. "Queria encontrar as meninas do surf para ter uma parceria na hora de ir para a praia. Desde o primeiro contato eu já colei nas gurias, começamos a viajar juntas, surfar juntas, e agora ajudo na organização", diz.  

Para Cláudia, é muito importante essa troca entre elas. "São mais de trinta meninas envolvidas no Filhas do Mar. Cada uma tem a sua profissão e pode colaborar de uma maneira para o festival rolar todo ano. É muito difícil conseguir patrocínio". Até sua filha ajuda. Inspirada nos pais, a pequena surfou até os sete anos e parou para se dedicar na escola, mas está sempre presente dando aquela força.

"É um movimento lúdico para manter ativo o surf feminino, que infelizmente é menos praticado por falta de incentivo. A sociedade é machista, não só o surf. Então, acaba refletindo", diz. Além de propagar o esporte, uma das principais missões de todas as Filhas é incentivar uma maneira mais natural e saudável de levar a vida. "A gente brinca: não vai pra balada, dorme cedo e se alimenta bem pra encarar o mar!", enfatiza a criadora do projeto.

Não tem tempo ruim para elas, que hoje são como uma família. Juntas, pegam as pranchas, colocam em uma kombi e vão desbravar outros mares. Ubatuba é um dos destinos preferidos para as surf trips. Para a Tpm, Cláudia conta que o próximo passo "é o mais difícil". A ideia é criar uma Ong e dar aulas para meninas carentes, tanto de surf, quanto de estamparia, administração e tudo que envolve o festival. Aumentar o time? Sempre.

Vai lá: facebook/filhasdomar

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