Curtíssima temporada: peça de Paula Cohen e Pedro Granato traz um pouquinho de todas nós
Ela se apaixonou por um homem bacana, casou e, cheia de planos, se mudou de país com ele. Argentina. Largou a carreira, mas quem se importa? Seguia firme o roteiro que escreveu (junto com a sociedade) para si mesma. Teria filhos, seria feliz para sempre e ponto. Não fosse pelo fato de no meio do caminho ser trocada por outra. Sim, podia ser eu, você ou aquela amiga do trabalho, mas é Elvira, personagem vivida pela atriz Paula Cohen na peça As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar. Sozinha e plena no palco, a atriz traz à tona uma discussão comum às mulheres do século XXI. Aquelas que estão entre o que sonham pra si mesmas e o que a mãe sonhou pra elas. Aquelas que querem o trabalho, os filhos, os amores, os porres, as unhas feitas, a bunda dura, os livros, os filmes e a alegria de viver. Coisa simples.
A peça escrita por Paula e dirigida por Pedro Granato fala ao coração, ao estômago e ao fígado das filhas do feminismo curiosamente criadas em um país machista. Enquanto a personagem fala de si e dos seus com seus secadores – em um cenário lindo, diga-se – vemos nossas confusões e desejos contraditórios cruzar o palco. Talvez, não tenhamos largado a carreira para acompanhar o marido ou já tenhamos filhos pra acrescentar na história, mas é impossível não se identificar com essa moça e sua ânsia.
Em curtíssima temporada no teatro Mube As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar é mais uma prova de que os anseios modernos femininos são muito melhores no palco, desbancando séries, novelas e até mesmo longas metragens que, ao criar um cenário complexo e cheio de atores acabam matando parte da complexidade aguda que nos faz... mulheres. Desligue a TV, vá ao teatro!
+Vai lá!:
As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar
Texto Paula Cohen e Pedro Granato / Direção e Cenário Pedro Granato
Teatro MUBE – São Paulo
Sábados 20h30 e domingos 18h até dia 28 de outubro
R$50,00