Mulher e Tecnologia: debates entre Monica Moreira, Miá Mello, Ronaldo Lemos, Geisy Arruda, Juliana de Faria e Joanna Maranhão e show de encerramento com Jeneci
O primeiro dia da Casa Tpm 2015 bombou! Com o tema Mulher e tecnologia, o Clube Nacional já estava cheio desde o primeiro debate. Na mesa mediada pelo diretor editorial da Tpm Fernando Luna, as convidadas Miá Mello, a apresentadora Monica Moreira e a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo debateram sobre "Sexo, amor e tecnologia". Desde os aplicativos que facilitam o amor na era virtual e o sexo feito através da web, o assunto rendeu muita polêmica.
A espontânea Monica Moreira não economizou sinceridade e disparou logo de início: "a mulher não precisa mais justificar uma boa trepada com um romance". Do outro lado do palco, Miá Mello, mesmo tímida, se posicionou sobre a era high tech das relações. "Sou muito mais atraída pela conversa. A comunicação pela internet ajuda quando você está longe. Agora o sexo virtual em si… Acho que não é da minha época [risos]", diz.
Para Carmita, "simulando o sexo virtual, as pessoas pensaram que poderiam fazer sexo sem correr risco. Acontece que o risco foi outro. Recebo pessoas no consultório que não querem mais o sexo real. Ninguém sabe fazer o sexo que você mesmo faz".
Antes da segunda mesa, todos que passavam pela Casa podiam desfrutar da área externa, com foodbikes posicionados no quintal cheios de delícias pra quem gosta de foodporn. Teve bons drinks e também um troca-troca de roupas em um varal da Trocaderia. Do lado de dentro, a jovem empreendedora e aventureira Bel Pesce, de 27 anos, contou como foi sua experiência no Vale do Silício: "no Brasil se você errar você é um perdedor. Isso é péssimo, porque a maioria das pessoas têm medo de tentar. No Vale o erro é admirado".
Próximo tema: o linchamento virtual. No palco, a cantora Karina Buhr e a atriz Geisy Arruda dividiram a conversa com o Doutor em Comunicação e especialista em internet Luli Radfaher, com mediação da nossa colunista Milly Lacombe. Geisy protagonizou um dos episódios mais conhecidos de slut-shaming antes mesmo do whatsapp existir. Hoje, seis anos depois, superou o acontecido. "Algumas mulheres que me agrediram, me chamaram de puta, hoje me admiram. Eu peguei todo aquele sofrimento e dei a volta por cima. Não sou coitada, fui com aquele vestido porque queria mesmo ser a bonitona da faculdade, não pra agredir ninguém. Por outro lado, me agrediram muito."
Karina Buhr acredita que "se apanha muito na internet por ser mulher. Mas as mulheres também são muito torturadas por mulheres no mundo virtual". Já Milly confessou que antes retribuía a agressão recebida nas redes sociais. "Hoje eu parei e minha vida ficou bem melhor", diz. Para o especialista Radfahrer "quando você está no lugar do outro, você se torna selvagem igual". Ele ainda defende que "a agressão é extremamente real, só o meio é que é virtual".
A idealizadora do YouPix Bia Granja deu uma ideia em cinco minutos sobre mulher e internet: "a gente já conseguiu fazer várias coisas mudarem pressionando por comentários. Até marca mudar o conceito de campanha!". Na conversa seguinte, Renata Leão recebeu no palco Sonia Guimarães, Gabriela Carneiro e Diana Assennato para falar sobre a compatibilidade das mulheres com a tecnologia.
Gabriela Carneiro é pilota da Gol e falou sobre a sua experiência no meio aeronáutico. Para ela, a profissão foi feita para mulheres. "Brinca com a história das cavernas, de que o homem saía pra caçar e a mulherada ficava cuidando de tudo. Tinha que cozinhar, cuidar das crianças… E no avião eu me sinto assim."
Ao seu lado estava Sônia Guimarães, que é uma das poucas mulheres a integrar uma equipe do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Em sua experiência de superação, contou no palco da Casa Tpm que são 50 físicos no ITA, sendo apenas quatro do sexo feminino. "Até os anos 2000 mulher não podia prestar vestibular no instituto.Foi assim por mais de cinquenta anos. Por isso tem pouca mulher nessa história. Mas desde que elas começaram a entrar, estão tomando conta", ponderou.
Uma das criadoras do site ada.vc, Diana Assennato, também falou sobre sua experiência profissional com a tecnologia. Ela acredita que hoje existem poucos veículos de comunicação na internet que falem sobre as coisas por uma perspectiva feminina. E acrescentou: "ter uma visão feminina na internet é enxergar novas conexões. O olhar da mulher é uma forma de trazer outros elementos para o jogo."
Ao fim da tarde, chegava a hora do último debate. Com o tema "O empoderamento feminino na internet", a conversa foi mediada pela editora chefe da Revista Tpm Lia Bock, que recebeu no palco a nadadora Joanna Maranhão, o advogado especialista em tecnologia Ronaldo Lemos e a criadora do site Think Olga, Juliana de Faria.
Joanna Maranhão concorda, e usa de exemplo os vídeos que posta em suas redes sociais se posicionando sobre assuntos polêmicos como a redução da maioridade penal. "Até hoje, nenhuma pessoa que discorda do meu vídeo na internet consegue me dizer isso pessoalmente. Na internet elas têm uma violência que na vida real não existe."
Para Lemos, a atitude lembra os linchamentos do começo das cidades. "A gente viu esse comportamento na época das eleições. É pela dinâmica de como as redes sociais se estruturam, o Facebook mostra pra você só o que você já concorda. E isso está acontecendo com todas as questões, inclusive com as de gênero. Há os grupos que resistem a participar do debate de forma construtiva e começam a agredir. Não é uma peculiaridade de temas específicos."
Enquanto não era dada a largada para o show de encerramento deste primeiro dia, as taças de vinho dos Los Mendozitos foram a pedida perfeita para o esquenta. Já com a pista liberada, centenas de pessoas se posicionaram em frente ao palco para assistir e cantar junto com Marcelo Jeneci, que se apresentou ao lado de Laura Lavieri. Com as letras decoradas e na ponta da língua, os fãs da banda não deixaram de aproveitar e continuaram dançando ao som da DJ Carol Rosa até as luzes se apagarem.
Foi só o primeiro dia!