Em Tribeca, Nova York, o Cine Fest Petrobrás fez o Coração Vagabundo bater mais forte
Aplausos por minutos na sala 1 do Tribeca Cinema, onde acontece o Cine Fest Petrobras, em Nova York. O diretor, um pouco envergonhado, agradece. Fernando Grostein, 28 anos, levou quase seis para fazer bater seu Coração Vagabundo. "A expectativa que eu tinha já se cumpriu. Agora tudo é lucro", diz, satisfeito com a reação da platéia a seu documentário livre sobre Caetano Veloso.
Para ele, essa foi a melhor apresentação do filme. "O pessoal riu o tempo todo. O filme tem esse lado comédia, mas é também uma reflexão sobre a relação cosmopolitismo/provincialismo", conta, entre um gole e outro de refrigerante. "Tenho esse humor meio infantil que transparece", acrescenta.
No lobby do cinema, tietagem explícita. Nào vieram Caê, Alice Braga e Isabella Rossellini, como anunciado e/ou esperado. Mas Fernando foi bastante assediado, inclusive por produtores querendo levar o Coração para seus países. Ainda meio sem jeito com o holofote, ele diz que aprendeu muito com o filme, especialmente com mestre Antonioni, cujas imagens, tocantes, talvez tenham sido as últimas em vida.
Curadoria para todos os males
Tetê Mattos é professora da Universidade Federal Fluminense. Dá aula de produção cultural. Juntamente com o cineasta Roberto Farias e a produtora Bianca de Filippes é responsável pela curadoria do Cine Fest Petrobrás, não apenas em NY, mas também nas versões de Miami e Vancouver, que rolaram recentemente.
"Diversidade", como ela gentilmente explica, foi o critério de seleção dos 12 filmes da mostra competitiva do Fest - aquele que for mais votado, entrará no circuito comercial de oito grandes cidades americanas, incluindo Manhattan. "É importantíssima essa exibição fora do país. O audiovisual é um grande transmissor de valores simbólicos de uma determinada cultura. E nós queríamos mostrar uma imagem não estreotipada do Brasil. Dai a diversidade de temas, que vão da realidade das favelas, até a comédia de costumes e a vida de um roqueiro paulistano, entre outros. São mil possibilidades de leitura, de mostrar como o país é diverso", conclui.