Contradições
Vivemos uma semi-invisibilidade nessa vasta e hostil sociedade contemporânea. O indivíduo aos poucos vai sendo erradicado de nossa cultura cada vez mais coletivista, incorpórea e sem identidade. Nossa percepção e consciência centralizam-se em um ponto de onde vemos todo o panorama cósmico, existencial e material. Por conta desse ponto central, é muito natural que às vezes nos sintamos o centro do universo. As crianças são assim.
Ao mesmo tempo em que nos sabemos efêmeros, de curta duração e plenamente dispensáveis. Um grão de areia de cara com o universo. Caso não existíssemos, não faríamos falta alguma. O mundo e a vida continuariam muito bem sem nós.
Não sei bem porque, mas percebo que vivemos tentando fazer com que os outros sigam nossas orientações. Parecemos todos professores. Adoramos quando convencemos alguém a pensar como nós. Detestamos quando diferem. Embora sejamos conscientes que serão as diferenças que trarão o novo e do quanto carecemos de novidades. Nossas vidas seriam rotinas tediosas caso não houvesse o extraordinário. Já pensou: acordar, ir para o trabalho, alimento, trabalho, voltar, alimento, sono e de novo acordar...
Tudo o que nos interessa de verdade
Tem há ver com desordem, revolta, caos
E gente ansiosa, voraz por viver.
Loucas por amar, por falar, por tudo
E a fim de tudo não somente ao mesmo tempo
Mas a cada respiração.
Seres que vivem a queimar, voláteis
Contra o calor das coisas que ardem
Ao centro da fogueira.
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Luiz Mendes
05/04/2012.