por: Museu de Arte Moderna – MAM

O sertão vai virar arte

apresentado por Museu de Arte Moderna – MAM

Exposição busca retratar e reverenciar o simbolismo desse lugar de força, resistência e experimentação

"Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século 15. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa." Assim começa o texto escrito pela pesquisadora de arte e curadora Júlia Rebouças para a exposição Sertão, em cartaz no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, até o dia 17 de novembro.

Seja no cinema, com o recente e aclamado Bacurau, seja pelas mulheres que caminham uma rota inspirada na obra de Guimarães Rosa: o sertão está em alta. O que antes ficava à margem do conhecimento nas grandes metrópoles hoje parece trazer reflexões profundas sobre o que há onde o mar não chega. 

Para lidar com este lugar simbólico tão marcado no imaginário coletivo, a curadora convidou artistas de todo o Brasil que refletem uma prática "sertão", movida pela experimentação e pela resistência. Na exposição, participam 29 artistas e coletivos, como Ana Lira e Fulni-ô de Cinema, ambos de Pernambuco; Paul Setúbal, de Goiás; Regina Parra e Raphael Escobar, de São Paulo; e Vânia Medeiros, da Bahia.

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Após um longo processo de viagens e pesquisas por diversas regiões do Brasil, a curadora convidou aqueles que se relacionam com o conceito, entendendo a própria arte como “sertão”. Ou seja, sertão é apresentado como um modo de pensar e agir, não se limitando a um único lugar.

“Se o imaginário de um certo senso comum trata sertão como vazio, aridez, aspereza ou indigência, a ele confrontam-se as acepções de vitalidade, força, resistência, experimentação e criação. De forma alusiva, sertão refere-se a um só tempo à arte e ao estado da arte”, explica Júlia. A história brasileira – social e territorial –, a espiritualidade, a identidade de gênero, o antirracismo e a relação com o meio ambiente são alguns motes para as artes expostas. 

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"Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira", conclui a curadora.

Vai lá: 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão

Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo – Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 2 e 3)
Quando: Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Quanto: R$ 10,00. Gratuidade aos sábados. 

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