Sasha e o prazer

por Paulo Lima
Trip #179

O prazer vai muito além de um fenômeno cerebral: ele vem da interação com outras pessoas

 

Por que, diabos, uma edição da Trip inteira sobre prazer?

 

Seria fácil justificar, argumentando que o prazer é um determinante forte de nossas ações. É quase totalmente transversal e é fruto de boa parte, se não de todas, as nossas prioridades, que elencamos na página aí ao lado. Não, ele não as resume, mas é consequência natural do equilíbrio entre elas. Não estamos falando de hedonismo, que passou longe de resolver todas as questões da condição humana (Epicuro, com sua visão absolutamente libertária e moderna, que nos perdoe, mas a dor é fundamental).

Por que, então, o prazer?

A melhor resposta está em nossas páginas a seguir, mas, traduzida em palavras, ela aparece na 81, em meio ao delicioso relato do encontro entre nosso correspondente nos Estados Unidos, Bruno Torturra Nogueira, e Sasha Shulgin, uma das mais intrigantes cabeças da ciência contemporânea mundial; por isso mesmo, diga-se, menos entendida e valorizada do que deveria.

É de Sasha a definição genial que explica num extrato o olhar da Trip para o prazer e dá sentido absoluto ao que tentamos trazer para a edição presente, em trabalhos tão diversos (e diversidade, você sabe, é mantra por aqui) quanto um ensaio sensual com a atriz Karen Junqueira, pronta para encarnar a garota de programa mais ilustre do Brasil, e a visita a um local onde procuram tratamento os seduzidos pelos excessos do prazer:

“O que é prazer? Hummm, boa pergunta. Porque é algo que vai muito além de um fenômeno cerebral, me parece. E que só pode ser respondido em bases muito subjetivas. Para mim tem necessariamente a ver com a relação com outra pessoa, com criar um elo com outro ser humano ou criatura. E eu estou profundamente do lado de quem se dedica a dar prazer aos outros. Tá aí o meu prazer, sabe? Interagir com pessoas. Estou adorando conversar contigo...”

Nós também, há 23 anos...

Sasha sabe tudo...

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