Escritor, cartunista e tradutor morre aos 88 anos deixando grande legado para o humor
Nascido no Méier, zona norte da Cidade Maravilhosa, em 1923, Millôr emergiu na imprensa muito jovem. Seu primeiro cartum foi publicado pelo O Jornal do Rio de Janeiro em 1933, quando ele ainda tinha 10 anos de idade. Em 38 entrou para a equipe da revista O Cruzeiro, periódico que viria a dirigir anos depois. Em 1957 foi um dos primeiros cartunistas a ganhar exposição solo no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Sua escalada veloz o levou ao Pasquim, onde fez fama internacional com seu humor afiado e contestador. Ali ficou bem no olho do furacão, enfrentando com papel e caneta os anos de chumbo da Ditadura Militar.
Publicou 50 livros de prosa, poesia e desenho. Escreveu 22 peças de teatro. Traduziu 100 obras de gene como Shakespeare, Cervantes, Moliére e Samuel Beckett. Inventou o frescobol e foi vice-campeão de pesca ao atum no Canadá.
Em 2005, a Trip foi até o ateliê do guru do Méier para descobrir como um humorista octagenário conseguia ser mais contundente que a dita imprensa séria e mais transgressor do que a juventude. O resultado foi um papo sobre religião, política, sexo, drogas, felicidade e idiotices, que você pode ler na íntegra aqui.
Como o próprio dizia, "quem é nostálgico não tem futuro". Mas Millôr vai deixar saudades.
FRASES (PER)FEITAS
A argamassa da obra de Millôr é feita de pensamentos soltos, textos curtos e frases. As melhores são como cacos de algo que nunca se quebrou - sua genialidade é tão profunda quanto rasteira e tão séria quanto humorística. Abaixo, o guru do Méier em seus melhores momentos.
"Nunca deixe de fazer amanhã o que pode deixar de fazer hoje"
"Celebridade é um idiota qualquer que apareceu na televisão"
"Quem se curva aos opressores mostra a bunda aos oprimidos"
"A alma enruga antes da pele"
"Os pássaros voam porque não têm ideologia"
"Todo homem nasce original e morre plágio"
"Divagar e sempre"
"A beleza é a inteligência à flor da pele"
"Deus é bom. Está é muito mal cercado"
"A coisa mais ridícula é todo mundo"
"Nossa vida é um dramalhão, que os outros, naturalmente, assistem como comédia"
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