por Redação

Falar sobre os avanços da tecnologia e sua influência na vida moderna do cidadão de bem é mais chato que dar topada com o dedão na calçada num domingo...

Falar sobre os avanços da tecnologia e sua influência na vida moderna do cidadão de bem é mais chato que dar topada com o dedão na calçada num domingo. Qualquer pessoa minimamente informada já' está cansada de saber tudo sobre o assunto, seja devorando o número mais recente da Wired, seja assistindo ao mais popular dos telejornais e se deparando com as maravilhas descobertas recentemente na medicina, proporcionadas por filhas legítimas da modernidade como, por exemplo, a engenharia genética.Não há duvida, porém, que as surpresas mais saborosas se dão justamente nas situações mais prosaicas do dia-a-dia. Escrever meus artigos para o JT, por exemplo, é algo que faço de forma tão prazerosa quanto natural. Procuro atravessar a semana armazenando numa espécie de gaveta imaginária as idéias, fatos e situações que vão cruzando o meu caminho e que, imagino, possam ser interessantes para quem arruma um tempo durante a correria de São Paulo e abre seu jornal na terça de manhã. Seja a mais despretensiosa crônica ou a mais séria denúncia, é em geral nas manhãs de segunda que me ponho a escolher na tal gaveta da minha cabeça o que vai permanecer por lá e o que estará nas mãos do leitor no dia seguinte. Este é, na verdade, o processo mais demorado, já que, depois de tanto tempo escrevendo semanalmente, o ato de transformar as idéias recém-nascidas em texto é algo quase automático.Só há dois problemas nessa deliciosa rotina. O primeiro e mais grave se dá nos dias em que a mencionada gaveta está completamente vazia. Felizmente estas segundas-feiras fatídicas em que nada tenho a dizer para o mundo são cada vez menos freqüentes.O segundo problema ocorre quando estou viajando, o que por força da profissão e do tipo de vida que escolhi acontece com deliciosa freqüência . É que freqüentemente vou parar em locais em que o computador ou o fax mais próximos estão a milhas de distância e muitas vezes nem um simples telefone está disponível.E' importante dizer aqui, numa espécie de mea culpa, que por uma questão híbrida entre preguiça e desinteresse, não costumo carregar laptops na bagagem, o que aliás seria de pouca serventia em lugares em que nem uma linha telefônica se consegue.Pois bem, isto posto, quero dizer que esta coluna só está nas suas mãos graças a terminais de computadores disponíveis nos aeroportos norte-americanos, com acesso gratuito à internet. Basta sentar-se confortavelmente diante de um computador moderníssimo, registrar uma senha e navegar livremente. É verdade que, a cada 15 minutos, a tela é invadida por um anúncio do banco Chase, mas o serviço é tão útil que achei que o patrocinador merecia ser mencionado. De mais a mais, basta clicar no logotipo do banco para ganhar mais 15 minutos de surf gratuito. Graças a tal tecnologia, não tenho mais que implorar para usar faxes ou computadores de companhias aéreas, ou ditar pausadamente ladainhas intermináveis em caríssimos telefonemas.Na contra mão, porém, é mais uma vez graças à tecnologia ,ou melhor, à sua precariedade, que me vejo sentado neste aeroporto digitando letras e mais letras. É que o vôo no qual eu deveria estar neste momento não pôde decolar graças ao mais besta dos motivos, diante de tanta tecnologia: a neve que caiu suave durante toda a noite e que nenhum radar, satélite ou computador conseguiu impedir ou sequer prever.
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