Música visual, arte sonora

por Daniel Benevides

A exposição White Noise, em NY, confunde os sentidos: música é para ver, arte é para ouvir

Yoko Ono sempre foi um grande mosquito a zumbir pelos meandros da arte contemporänea. Uns ficam incomodados, outros fascinados. Na exposição White Noise, numa galeria em Chelsea, Manhattan, ela mostra justamente um triptico de vídeo com uma mulher nua sendo assediada pelos ruídos em zigue-zague de um inseto.

Laurie Anderson também está na mostra da bela galeria James Cohan. Uma cuia de metal equilibra-se num vinivl suspenso e treme com o som que vem de baixo. Segundo umas das curadoras, a mignon elegante Jessica Lin Cox, a proposta é buscar essa "ïntersecção entre artes visuais, música e sons".

As obras, bastante relacionadas às experiências do grupo Fluxus, de John Cage e Nam June Paik, datam dos anos 60 até hoje. Algumas foras feitas especialmente para a exposição, como uma que alinha fitas magnéticas com gravações de cantos de diversos pássaros, comos se fossem indicadores de níveis de som num amplificador.

Outras, como a genial "Box whit the Sound of its own Making", têm 50 anos, mas ainda soam frescas aos ouvidos e olhos. A obra,de Robert Morris, consiste num simples cubo de madeira. Ao aproximar o ouvido, no entanto, se ouve o ruído de serra e martelo, a própria trilha de gënese do objeto. É o oposto de uma caixa de som comum, que projeta a música pra fora; nessa caixa, a música está dentro, como se fosse um coração batendo, como se tivesse vida própria.

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