O artista baiano apresenta com exclusividade à Trip o primeiro clipe de ”Modo avião”, seu sétimo disco
"Coloca aí no modo de voo", pede Lucas Santtana no primeiro single de seu sétimo álbum, a faixa-título Modo Avião. Durante 40 minutos, o tempo de uma curta ponte-aérea, o cantor e compositor quer sentar ao seu lado e conversar um pouco sobre a solidão. Não uma qualquer, mas essa que é fruto da intensa relação homem-máquina. "Quero propor uma pausa, que a gente coloque o celular no modo avião e tenha um tempo livre das demandas que esses aparelhos impõem em nossas vidas". A obra foi pensada como um audiofilme, em que diálogos e narrações se misturam às melodias e versos. "O disco virá acompanhado de um livro escrito por mim em parceria com João Paulo Cuenca e quadrinhos assinados por Rafael Coutinho", conta.
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O vídeo que Santtana lança agora, dirigido por Alessandra Dorgan e estrelado por Thamiris Dias, faz parte dessa narrativa: "Não nos preocupamos com a cronologia da história no clipe, a ideia é que tudo pareça uma lembrança, um sonho".
Modo Avião foi inteiramente gravado em áudio binaural. O que isso significa?
A microfonação binaural é a mais próxima do ouvido humano. Você escuta a praia e quase consegue ver o lugar - o barulho da água, gente passando. Além disso tem o lance de perceber o som ambiente em 360 graus. O áudio binaural é um grande personagem do disco, ele ajuda demais a contar a história. Em 2009, enquanto gravava o Sem Nostalgia, já tinha feito algumas experiências com essa tecnologia e foi muito legal. Fiquei afim de explorar mais essa onda e o Modo Avião surgiu um pouco dessa vontade.
Vocês vão transportar essa experiência para os shows?
Nas apresentações ao vivo vai rolar bastante interferência em vídeo, com projeções e video mapping. Um dos temas do disco é o lance do sonho e vai dar pra explorar bastante isso. Até pensamos em ter atores interpretando o texto no palco, mas não fez sentido pra mim.
Como foi se aventurar pelo universo da literatura e escrever o livro que acompanha o disco?
Cara, faço música desde os 12 anos. Estou um pouco cansado de fazer só música, saca? Queria abrir diálogo com outras artes. Eu já tinha o argumento da história e chamei o Cuenca para escrever comigo os diálogos. Foi um processo muito legal. O Coutinho eu não conhecia pessoalmente, mas sempre achei o trabalho dele muito massa e ele teve toda a liberdade pra fazer os quadrinhos do jeito que quis. Nós três temos em comum essa vontade de explorar outras vertentes artísticas, sair da casinha e ir por caminhos diferentes.
Você pretende continuar trabalhando com texto? Escrever outro livro?
Não me vejo ainda escrevendo um livro, mas quero muito trabalhar mais nesse formato, que estou chamando de audiofilme. Quando eu tive a ideia para o projeto, fiz várias pesquisas e não encontrei quase nada parecido. Fui aprendendo na prática, sem muita referência do que ia dar certo. Quero aproveitar tudo que descobri e investir mais nesse formato.
É autobiográfico?
É um pouco sim. Eu me sinto cansado dessa obsessão por tecnologia e mesmo assim é difícil não ficar online checando o celular cem vezes por dia. Acordar já com o som do aparelho e responder dez mensagens antes de tomar café virou rotina. Isso impacta demais na nossa vida. Por isso eu quis propor essa pausa: deixar o telefone de lado, fechar os olhos e se envolver em uma história.
Você captou recursos via Catarse para viabilizar o projeto. Como funcionou isso pra você?
Eu precisava de grana para começar o projeto e, mesmo não atingindo a meta, foi super importante pra dar o start. É legal porque quando o disco sai e você vê aquele monte de nome de gente que fez parte daquilo, dá uma sensação de família. A galera que embarcou no sonho comigo. Mas ao mesmo tempo é um pouco desgastante, sempre fica aquela impressão que você tá ali pedindo dinheiro, isso é meio chato.
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