Dado e Bonfá falam sobre Legião, Renato e futuro

por Redação

Músicos celebram discos clássicos em turnê e falam ainda de fama, morte e surf

Preparados para entrar em turnê e celebrar os álbuns “As Quatro Estações” e “V”, da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá bateram um papo com o Trip FM sobre um pouquinho de tudo. Relembraram o passado e Renato Russo, falaram de fama, morte, surf entre outros assuntos. Com mais de 20 milhões de discos vendidos durante os anos 80 e 90, os músicos aproveitam um momento de maior maturidade para voltar a estrada ao lado do vocalista André Frateschi, que está com a banda desde 2015, e reviver clássicos do rock nacional, como ‘Meninos e meninas’, ‘Pais e filhos’, ‘Metal contra as nuvens’, ‘Vento no litoral’ e ‘O teatro dos vampiros’. 

Eles passam por por vários Estados brasileiros, com apresentações em São Paulo (05/05, em Sorocaba; 06/05, em São Paulo), DF (13/05, em Brasília), Minas Gerais (20/05, em Belo Horizonte), Rio Grande do Sul (24/06, em Porto Alegre), Rio de Janeiro (01/07, no Rio de Janeiro), Paraná (26/08, em Curitiba), Paraíba (15/09, em Joao Pessoa), Pernambuco (16/09, no Recife), Amazonas (26/10, em Manaus), Pará, (28/10, em Belém), Piauí (24/11, em Teresina) e Ceará (25/11, em Fortaleza). 

Confira a entrevista na íntegra no play, confira um trecho abaixo ou ouça o programa no Spotify

Trip. Como vocês lidaram com a fama na época e como acham que o Renato estaria lidando com o mundo de hoje?

Dado Villa-Lobos. Quando a gente começou a gravar eu tinha 18 anos. O cavalo passou com cilhada e a gente montou em cima e foi embora. Éramos tão jovens. Mas a fama era muito diferente do que é hoje, não éramos reféns de algoritmo. Isso acaba com o lado criativo da pessoa. O nosso som no primeiro disco era algo completamente fora de FM e tínhamos orgulho disso, de ser assim e ainda tocar na rádio. Eu acho que o Renato estaria enlouquecendo com essa coisa de ChatGPT e o diabo. Tá tudo muito rápido. Mas eu acho que ele iria segurar essa onda e escrever algumas coisas a respeito.

Marcelo Bonfá. O Renato hoje estaria muito bem, ele tinha uma bagagem intelectual muito grande para lidar com tudo isso que a gente vê por aí. A criatividade morava nele.

Trip. Existe alguma coisa que vocês deixaram de falar para o Renato? Como sair em turnê é diferente hoje comparado com aquela época?

Dado. O Renato foi embora e, é claro, que ficão sempre coisas pendentes. Coisas bobas da vida. Um grande respeito por ele, mas eu lembro muito bem que a gente gravou nosso primeiro disco e eu era ainda um aprendiz do instrumento. Um dia eu li o diário dele e ele meteu, em inglês, um: “I Hate Those Guitars” [eu odeio o som daquelas guitarras]. Mas era o que eu tinha para dar, então eu queria ter perguntado pra ele: “Mas como?”. Depois, eu sei que ele começou a curtir e a gente virou essa banda que é a Legião Urbana.

Bonfá. Eu não lembro de nada que poderia ter falada e nem ouvido dele. A gente se afastou depois que o Renato faleceu e eu precisei desenvolver várias coisas neste meio tempo. Comecei a cantar e a enveredar por todas as áreas da produção. As coisas mudaram muito e estar na estrada hoje é diferente porque a gente tem todo esse conhecimento de vida. Hoje eu posso falar: ‘Cara, só não vale sofrer, pode amor, pode tudo, mas não vai sofrer’.

Créditos

Imagem principal: Leo Aversa (@leoaversa)

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