Dinheiro compra felicidade?

por Luiz Alberto Mendes

Se tudo tiver um preço, então tudo o que se tem a fazer é pagar e obter

Cada dia fica mais difícil defender a idéia de que dinheiro não traz felicidade. Parece que se quer ajeitar as coisas na vida de modo a que se possa comprar tudo. Inclusive felicidade. Deve parecer mais fácil assim. Se tudo tiver um preço, então tudo o que se tem a fazer é pagar e obter. Como um carro, uma casa. Acabou o romantismo. Agora é venha com o meu que eu fiz por onde.

Dá até para pensar alternativas. Alguém saca do saquinho de felicidades e tira uma de acordo com o poder aquisitivo do freguês. As formas de pagamento podem ser prestações mensais, cartão de crédito, ou até cheque pré-datado.

O preço da felicidade, na suposição de que pudesse ser comprada, seria flexível. Os direitos continuariam sendo iguais para quem tem dinheiro.  Quem venderia felicidade? Seria traficante ou legítimo comerciante? A fonte da felicidade seria encantada, segredo. Ou a fórmula estaria em cofre bancário. Como a da coca-cola. Caso o povo imaginar onde tem felicidade para vender, invade. Igual supermercado do nordeste em época de seca.

Com dinheiro dá para amenizar infelicidades. Só não garante a felicidade. Caso eu seja convencido que existe “felicidade-que-pode-ser-comprada”, não tenham dúvidas: estarei entre os invasores. Seria o Movimento dos Sem Felicidade. A constituição diz que temos direito à felicidade. Mas também diz que temos direito à moradia, saúde, liberdade, educação... Mas muito poucos têm ao nível da necessidade.

A solução seria criar felicidade standart. Somente o que for básico para todos. Mas ai ficaria um problema: O que é básico em uma felicidade? O que é supérfluo e faz parecer o preço da felicidade de luxo possível somente a quem tem dinheiro? Devem se sentir mais “humanos” que os outros humanos. Portanto, dignos de uma felicidade maior. Talvez no apartamento de cobertura, na casa da praia, ou na fazenda familiar.

E onde seria a felicidade geral? Em alguma fundação, autarquia, ou ministério de um governo mundial? Sim porque nenhuma empresa agüentaria. A teoria marxista de que o mundo se tornaria socialista por conta de que empresa privada não suportaria acompanhar a capacidade inventiva do homem, talvez ai desse certo. Já pensou uma multinacional detentora da patente da felicidade? Não daria certo. Os governos nacionais quebrariam a patente. Há precedentes históricos.

Não esta definido que dinheiro traz felicidade (eu discuto, ainda). Provavelmente não terei dinheiro nem para comprar a standart. Então, caso venha se estabelecer essa “realidade” comercial vou continuar achando difícil ser feliz. Conseguindo um pouco de justiça, já vou me dar por contente. Felicidade para que?!

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Luiz Mendes

10/05/2011

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