Guerreiro não é apenas quem veste farda e pega em armas, mas qualquer um que tem um mínimo de discernimento e amor-próprio
Caro Paulo,
Escrevo entusiasmado, voando de volta de Belo Horizonte, onde estive conversando com um grupo de grandes empresários mineiros que estão estudando uma maneira de ter maior protagonismo na sociedade, além do que já fazem como bons empreendedores e gestores de negócios honestos e competentes. Eles querem lutar por suas ideias, e não apenas produzir riquezas e pagar impostos. Querem ser líderes e guerreiros, além de bons gestores de planos e metas. É isso que alimenta meu otimismo, apesar de ver essa merda geral em que o Brasil se meteu.
No meio de Joesleys, Lulas, Aécios e Michéis, vejo nascer e fortalecer uma consciência de que devemos assumir a gestão da coisa pública e comum como responsabilidade individual de todos e não de uma hierarquia eleita ou contratada.
Começa a ficar claro que todos nós devemos ser guerreiros para defender nossos direitos e nossas ideias 24x7. Como se despertasse em nós um espírito de luta natural, pessoal e intransferível.
Guerreiro não é apenas quem veste farda e pega em armas, mas qualquer um que tem um mínimo de discernimento e amor-próprio. Gosto de ver a emergência dessa consciência como sintoma de amadurecimento da sociedade, para não dizer da humanidade. (Corrupção, drogas, zika, aids, sustentabilidade etc. são questões públicas cujas soluções dependem muito da responsabilidade individual.)
Voltando ao Brasil, acho importante ver o que de bom emerge da merda para que a gente possa juntar forças para mudar o Jornal Nacional e parar de se lamentar e de se anestesiar para não sentir toda a vergonha que temos. Vergonha de ter deixado o país nas mãos da pior classe de brasileiros que existe: aqueles que tiveram a oportunidade que a maioria não teve e estão usando essa oportunidade para foder com todo mundo. Isso inclui o Lula, que teve a maior de todas as oportunidades e fodeu tudo!
VOCÊ PRECISA DE QUÊ?
Eu acredito que a doença desperta a saúde – ou, mais realista, que o que não mata, fortalece.
A real é essa: a merda estava instalada e só não estava fedendo; o que permitia a gente fazer de conta que não era merda. Mas era.
Então, vamos combinar que temos uma grande faxina por fazer e que qualquer ajuda é muito bem-vinda. É guerra ao nosso passado de merda para garantir o nosso futuro.
Não mais campeões nacionais de merda. Não mais executivos competentes de merda. Não mais advogados brilhantes de merda, não mais jornalistas inteligentes de merda, não mais publicitários criativos de merda, socialistas de merda, liberais de merda, não mais bispos de merda, não mais capitalistas de merda. A realidade está se impondo e ela fede.
Graças a Deus que tem muita gente que não aceita essa merda e já está reagindo.
Posso fazer uma lista imensa de pessoas e organizações que estão agindo para virar esse jogo. O Trip Transformadores, além dele mesmo, tem uma boa coleção desses exemplos.
Minha tese é de que precisamos de otimismo para ter ideias e achar recursos para brigar. E o otimismo surge se você já está lutando. Sentado no sofá vendo o Jornal Nacional, a gente fica pessimista, desesperançado e cansado de não fazer nada. É a luta que desperta o otimismo. E o otimismo leva a mais luta.
É isso, Paulo, meu amigo guerreiro de primeira hora. Mãos à obra. A faxina é grande. Mas “nóis” é mais teimoso que eles.
Créditos
Imagem principal: MANZONI, PIERO/ AUTVIS, BRASIL