Na perspectiva da evolução, torço para que novos Lulas e Dilmas surjam no cenário, com a mesma boa intenção de fazer o que o PT originalmente queria fazer, mas com mais competência e coragem

Caro Paulo,

“Nós planejamos e Deus morre de rir.” A gente apanha muito para aprender que esse provérbio judaico é verdade. Mas depois que aprende, morre de rir junto com Deus. Algumas vezes pode até não dar muito certo, mas, pelo menos, você está em boa companhia. Essa sempre foi a real, mas a gente se iludia achando que tinha o controle de tudo para executar nossos planos como previsto.

Na verdade, nunca tivemos controle! O que tínhamos era uma grande margem de manobra e erro porque o mundo era simples, muito lento e previsível. Controle é bom, isto é, controle é indispensável para a vida acontecer. Nosso corpo depende vitalmente de controles, tanto controles que geram censores com C como controles que geram sensores com S.

Censores com C inibem, mantêm, reprimem e definem, enquanto sensores com S aferem a realidade, capturam a informação e ajudam o corpo a se atualizar e interagir com o ambiente.

Perder controle não significa que a vida está fora de controle. Pelo contrário. Quer dizer apenas que a vida está caminhando mais autonomamente e menos dirigida por nós, que nem sempre temos a melhor competência para dirigi-la.

Os sistemas auto-organizados, também conhecidos como self organizing systems (SOS), são movidos por controles que fazem o sistema cumprir o seu propósito sem que ninguém tenha que dirigir o processo e as negociações entre os seus elementos. Por exemplo, as manifestações de rua das quais temos participado têm muito de SOS. As pessoas combinam entre elas sem ter um partido, um sindicato e uma autoridade nem ninguém para dirigir e se responsabilizar pelo movimento. Isso assusta muito quem quer ter o controle do processo.

O estilo “comando e controle”, que deu muito certo num mundo lento e simples, está quebrando a cara num mundo crescentemente complexo e rápido. Veja Lula e todos os políticos e empresários que estão frequentando a Lava Jato. Nunca vi nome tão bom: lava, tira a maquiagem, expõe a realidade rapidamente, em tempo real, sem os bastidores que permitiriam a manipulação de corações, mentes e bolsos de pessoas de consciência mais debilitada.

Go with the flow
O problema desse ambiente complexo e ágil é que aquelas pessoas, quando perdem o controle, ficam violentas e perigosas, como o Lula e a Dilma ficaram. O bom é que o próprio ambiente as fragiliza e a tendência é esse tipo de gente entrar em extinção.

Na perspectiva da evolução, torço para que novos Lulas e Dilmas surjam no cenário, com a mesma boa intenção de fazer o que o PT originalmente queria fazer, mas com mais competência e coragem para assumir erros, aprender e seguir um fluxo mais natural e
real da vida contemporânea.    

Go with the flow! Siga o fluxo! Esse pode ser um bom jeito de tocar a vida e ser feliz quando se confia no fluxo e quando nossos desejos não estão na contramão do fluxo.

Espera aí, para tudo! Para quem eu estou falando de controle e go with the flow? Você, como todo surfista, sabe na prática a importância do controle para go with the flow. Você é mestre nisso.

Fico por aqui e a vida continua. Saudade.

Abraço forte do amigo,
Ricardo

Créditos

Imagem principal: Talita Hoffman

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