O Pasquim ressuscita no século 21

por Arthur Guimarães

A revista Bundas siliconada?

O jornal O Pasquim, mais famoso periódico da imprensa alternativa dos anos 70 e 80, voltou a circular hoje.

Com o novo nome de O Pasquim 21 (uma referência óbvia ao nosso século), a publicação estampa logo na capa seu lema, numa frase do ilustre colaborador Fernando Veríssimo: "Somos a favor do contrário de tudo que está aí."

A sátira e o humor parecem os mesmos da época áurea da publicação que circulou de 1969 a 1989. Brincadeiras com políticos, tiradas e muita informação que seriam impublicáveis nos jornais que conhecemos hoje.

Nas páginas do novo O Pasquim podem ser encontradas charges, ilustrações e muitas colunas que esculhambam, de forma inteligente, políticos, autoridades, astros da TV e todo tipo de pessoa que possa merecer uma tirada de sarro.

A capa mostra Roseana Sarney, ou melhor, uma ilustração da pré-candidata à presidência, de biquíni e bigode.

E o jornal também traz na sua primeira edição a dita maior charge do mundo, na qual uma seleção de políticos brasileiros, de todas as épocas, aparece retratada por Paulo Caruso.

O periódico, de circulação semanal, tem três cadernos - dois coloridos e um branco e preto. O preço, que deveria ser de R$2,50 (como anunciado previamente pelos redatores), subiu para R$2,90. Essa alteração de valor é uma mostra do desafio que será enfrentado pelo O Pasquim 21.

Com um jornalismo diferente e considerado novo para os jovens, a publicação terá que agradar muito e muitos leitores para se tornar um negócio viável nessa fase em que a falta de anunciantes assusta a maioria das empresas de comunicação.

Aliás, a ausência de um orçamento publicitário razoável foi causa do fechamento da revista Bundas, última tentativa de Ziraldo e Cia. de emplacar o jornalismo do antigo O Pasquim nos dias de hoje.

Com o fim de Bundas, alguns dos ex-companheiros de Ziraldo ficaram receosos e desistiram de participar do novo projeto.

Jaguar e Millôr, por exemplo, que estrelavam no primeiro O Pasquim e participaram da Bundas, acharam que o modelo que Ziraldo propunha para O Pasquim 21 não era adequado. Eles achavam que o nome não deveria ser o mesmo e nem o estilo tão similar ao do famoso periódico da década de 70.

Na sua primeira conversa com o leitor, no entanto, Ziraldo já começa dizendo: este jornal não pretende ser o renascimento do velho e heróico O Pasquim (...), os tempos são outros.

Segundo Ziraldo, O Pasquim 21 pretende ser o jornal do futuro. Será?

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