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BOM DE LÍNGUA

Somos tão falíveis e humanos como todos os outros habitantes do planeta, com apenas uma grande diferença, não gostamos de falar sobre isso, e menos ainda de admitir

Por Redação

em 21 de setembro de 2005

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Pela leitura dos jornais e revistas acumulados debaixo da porta de casa, vejo que nos últimos dez dias talvez nem a prisão relâmpago do ex-senador Luiz Estevão tenha repercutido tanto quanto uma certa pesquisa inglesa que colocou o brasileiro na condição de melhor amante do mundo.

Não se sabe exatamente o método usado pela médica Judith McKay, mas ao que tudo indica, a doutora foi vítima (no bom sentido) da língua comprida do brasileiro.

Na maioria das matérias suscitadas pela pesquisa, psicólogos e médicos brasileiros relataram o que a privacidade dos consultórios costuma proteger: somos tão falíveis e humanos como todos os outros habitantes do planeta, com apenas uma grande diferença, não gostamos de falar sobre isso, e menos ainda de admitir.

Há cerca de dois meses, a revista que edito ouviu 4 mil de seus leitores do sexo masculino sobre seus desejos, medos e comportamento no campo sexual. Considerando-se que a enorme maioria dos entrevistados tem entre 18 e 35 anos e vive nos grandes centros urbanos do pais, têm-se uma amostra bem razoável do tal ‘brasileiro bom de cama’.

O formulário da pesquisa pedia encarecidamente que o leitor fizesse todos os esforços no sentido de responder o que realmente sentia e pensava, e não aquilo que no seu entendimento ‘pegava bem’.

Não adiantou muito, pelo menos na opinião do PhD em psicologia Jacob Pinheiro Goldberg, convidado a analisar as respostas .

Para nossa surpresa, o outro convidado, bem menos acadêmico, mas que se apresenta como especialista na arte do amor, o cantor Wando, fez coro como o terapeuta em vários de seus comentários.

Vejamos alguns:

‘Os homens mentem muito para satisfazer a sua auto-imagem de alguém tolerante e compreensivo, mas também viril e competente no sexo. Por outro lado, acabam revelando em suas respostas, impulsos e tendências machistas.’ Jacob P. Goldberg

‘Deu para sentir que a molecada quer tudo muito rápido e, nessa euforia, até perde o ritmo da coisa. Amor é pra se fazer com calma, com jeito. Nesse campo, quem manda é a mulher. O homem que sabe perguntar e fazer o que ela gosta, tem a felicidade garantida.’

O comentário do cantor Wando transcrito acima, torna-se ainda mais pertinente, quando se observa que a pesquisa inglesa levou em conta como principal critério para criar seu ranking, o tempo que se gasta (ou que se diz que gasta) no ato sexual. Segundo o trabalho, o brasileiro leva de 30 a 60 minutos, enquanto os lanterninhas tailandeses levariam apenas 10.

Vejamos algumas das estatísticas da pesquisa com os leitores brasileiros e alguns dos comentários:

Pergunta: ‘Que tipo de mulher o intimida mais?’
Resposta:
27 % Muito bonita e sensual
23 % Nenhuma
16 % Muito atirada
Comentário: ‘Mais uma vez errado. A que mais intimida o homem brasileiro é a atirada. Pode colocar 80%. Eles ficam apavorados.’ Jacob

Pergunta: ‘Qual a sua posição sexual preferida?’
Resposta:
34 % Mulher de quatro
18 % Mulher por cima
9 % De ladinho
Comentário: ‘Na realidade, a maior parte prefere o papai-e-mamãe, mas como é uma posição convencional, volta o machismo de querer afirmar a superioridade masculina. Na verdade, o papai-e-mamãe, deveria ficar entre 70 e 80%.’ Jacob

Pergunta: ‘O que você gosta de fazer depois da transa?’
Resposta:
35 % Ficar abraçadinho
21 % Conversar com ela
14 % Dar mais uma
9 % Tomar banho
Comentário: ‘Outra mentira. Imagine!! Quer é tomar banho: 70% e uns 30% viram de lado e vão dormir. Abraçadinhos 35%? Nunca! Mas respondem porque acham que é assim que se deve ser, que esse é o homem mais moderno.’ Jacob

Pergunta: ‘Você trocaria um ano de sexo por:’
Resposta:
44 % Por nada
24 % R$ 500 mil
11 % Um emprego excelente
Comentário: ‘Na verdade, acho que 80% trocariam por um Land Rover. O brasileiro não é tão chegado em sexo quanto ele quer se convencer de que é, e dizer pra todo mundo.’ Jacob

A julgar pelas respostas e comentários acima, ou ainda pelas observações de outros especialistas como os sexólogos Nelson Vittielo e Moacir Costa publicadas na imprensa, ou, em última análise, pelo movimento nas ruas do bairro de Pat-Pont da suposta lanterninha Tailândia, somos bons mesmo é de língua.

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