O único repórter da casa que já foi ao Cazaquistão resenha Borat, o doc/comédia que deixou a América peladinha
Em Borat, quase tudo é falso: do documentário que o jornalista cazaque vai produzir nos Estados Unidos às referências sobre o Cazaquistão, tudo não passa de balela. A graça do filme (e põe graça nisso), no entanto, está justamente no que é verdade: a reação dos norte-americanos diante das situações (reais) que acontecem. Por isso, dá vontade de rir em dobro.
Trata-se de uma crítica à sociedade dos eleitores de Bush empacotada em formato de comédia escrachada. É claro, porém, que a “culpa” do sucesso do filme (inclusive nos Estados Unidos) deve-se muito ao ótimo desempenho de Sacha Baron Cohen, ator inglês que interpreta o impagável Borat.
Ele capricha no jeito pateta de falar e dá um show de interpretação em cenas como a que teme ser morto por um casal de velhinhos judeus ou a que entra na loja e pergunta qual a melhor arma para matar judeu (o vendedor nem acha estranho e dispara: “9 mm ou uma calibre 45”). De tão hilário, até o Cazaquistão, que inicialmente depreciou o filme, se rendeu à atuação de sacha – e aos holofotes que a história proporcionou.
E, por falar nesse país da Ásia Central, uma rápida informação: o que há de mais curioso lá é o que sobrou de um desastre ecológico dos tempos de União Soviética – o mar de Aral secou de forma tão drástica que enorme navios ficaram encalhados no novo deserto. Então, em vez de peixes, o local é habitado por camelos, que passeiam sobre conchas. Bem que esse quadro surreal poderia ser mais uma piada de Borat.