Quatro coletivos falam sobre deixar o ego em segundo plano assinando tudo em grupo
Quatro coletivos discutem como é trabalhar de forma colaborativa, deixando o ego em segundo plano e assinando tudo em grupo
Cia de Foto
www.ciadefoto.com – SP
O que é: coletivo de fotógrafos
Fundado em: 2003
Número de integrantes: quatro
Alguns trabalhos:
“Caixa de sapato” (em andamento) – vídeo e fotos de cenas cotidianas dos integrantes do coletivo registrados por eles mesmos; Carnaval (2010) – instalação de seis fotografias e uma música. Foi exposta no New York Photo Festival no ano passado.
Projeto recente:
Produção de livro digital com fotografia, música, vídeo e texto em ação com a editora Cosac Naify e a galeria Vermelho.
“A gente trabalhava em redação de jornal e começou a sentir um limite na profissão – uma rotina pesada e sem promessa de crescimento, a não ser virar chefe, algo que não queríamos. No início, o mercado achou ruim. Queriam que a gente assinasse as obras individualmente. A gente recusou e renovou os clientes. Os que faziam questão de trabalhar com determinado integrante foram substituídos pelos que compraram a ideia do coletivo. Os ‘nomes’ dos integrantes – Pio Figueiroa, Rafael Jacinto, João Kehl e Carol Lopes – circulam bem no nosso meio, deixando resolvida qualquer necessidade para os egos.” Pio Figueiroa, da Cia de Foto
Casadalapa
http://casadalapa.blogspot.com.br – SP
O que é: Coletivo formado por profissionais de cinema, artes plásticas, música, teatro, vídeo, grafite e fotografia.
Fundado em: 2006
Número de integrantes: quinze
Alguns trabalhos:
Onde está o craque? (2007) – quadra de futebol é pintada em rua próxima à Cracolândia, em São Paulo; Manifesto capivara (2010) – intervenção em locais onde ainda existem rios na cidade.
Projeto recente:
Enquadro – Personagens fictícios de diferentes bairros de São Paulo são retratados em forma de livro, HQ, fotos e vídeos. O trabalho foi apresentado na Quadrienal de Cenografia de Praga de 2011.
“A gente costuma dizer: ‘Antes, cada um era freelancer e trabalhava em casa, mas trabalhar em casa é muito dispersivo. Aí a gente resolveu dispersar em grupo’. Na casadalapa, cada um tem sua vida profissional separada. Um é montador de cinema, outro faz cenografia de teatro, outro, edição de som. Mas temos projetos comuns que assinamos coletivamente. Aí cada um se desprende de sua individualidade, todos são donos da obra e têm liberdade para mudá-la. A vantagem é que a gente se diverte muito mais e aprende uns com os outros. Eu sou designer, mas hoje sei um monte de coisas sobre edição de som, montagem ou cenografia. Essa troca é estimulante.” Sato, membro da Casadalapa
BijaRi
www.bijari.com.br – SP
O que é: centro de criação em artes visuais e multimídia que ficou famoso pelas intervenções urbanas.
Fundado em: 1997
Número de integrantes: treze
Alguns trabalhos:
Galinha (2002) – Duas galinhas são soltas no shopping Iguatemi e no largo da Batata, em São Paulo; ocupação de prédio abandonado em Pelotas, RS (2006); Contando con nosostros (2011) – histórias de violência são escritas nos tetos de favela de Medellin (Colômbia) e lidas pelo público em um teleférico.
Projeto recente:
“Estado do sítio” – exposição na galeria Choque Cultural. Incluía o “carro verde”, automóvel coberto de plantas que foi guinchado pela prefeitura.
“Com 15 anos de estrada, a gente é tiozão entre os coletivos no Brasil. Já vi nascer e morrer dezenas de grupos desse tipo. Para funcionar é preciso um trabalho radical com o ego. Após dez anos, partimos para a terapia em grupo para discutir questões de autoria, divisão de tarefas, grana. No começo a gente achava que tudo tinha que ser coletivo. Depois percebemos que é importante reforçar o lado individual. Sem pesquisa própria, você não contribui com o coletivo; ele te engole. Como grupo, fazemos trabalhos comerciais, como videocenários para os shows da banda Ásia de Águia, que bancam nossos projetos mais autorais.” Rodrigo Araujo, da BijaRi
OESTÚDIO
www.oestudio.com – RJ
O que é: escritório de comunicação e design criado após a experiência de dois sócios na Fabrica, centro de pesquisas de comunicação da Benetton, na Itália.
Fundado em: 2000
Número de integrantes: cinco
Alguns trabalhos:
Desfile na SPFW; criação de uniformes para a TIM; vídeo para a Nike; criação da nova marca do Senai Moda Design.
Projeto recente:
Coleção outono-inverno de 2012, desfilada em janeiro na Fashion Rio.
“A assinatura dos nossos trabalhos é sempre da marca OESTÚDIO. A gente até brinca: ‘Se um dia OESTÚDIO acabar ninguém vai saber quem somos individualmente porque a assinatura é sempre coletiva’. Somos anônimos mesmo. Em determinado momento, tivemos que fazer terapia em grupo para alinhar os valores e o DNA da marca. Foi importante após tanto tempo juntos, passando por tantas fases diferentes. Agora entramos em outro nível de coletividade, que vai além dos cinco sócios. Abrimos as portas para 20 alunos que foram capacitados e participaram da criação da coleção exibida no Fashion Rio este ano. Vamos fazer a segunda edição do projeto.” Anne Gaul, coordenadora de moda de OESTÚDIO