Monga, a mulher que vira macaco, sai do Brasil para ganhar o mundo
"Atención, esto no es teatro. Esto no es arte. Esto es ciéncia."
Assim foi apresentada a Monga para o público espanhol. Monga, a macaca, a inversão do evolucionismo darwiniano, a primata feroz que surge - espantosamente - diante dos olhos dos incautos dentro de uma inocente barraquinha de quermesse. A macaca Monga é muito popular entre os brasileiros, principalmente os que frequentavam os parques de diversões nos anos 70 e 80. É um espetáculo conhecido, em que uma linda menina transmuta-se em um selvagem e agressivo símio. É o pesadelo humano moderno se concretizando.
Pois um grupo de pernambucanos loucos resolveu reativar esse mito. E decidiram fazê-lo por simples curiosidade científica. O coletivo artístico Submarino produziu a performance, deslocando-a dos parques para o seu ateliê, em Recife. Conceberam a Monga como um happening artístico, remontando cada detalhe do que era apresentado nos circos do Brasil, desde o ambiente da transformação - um jogo de ilusão ótica - até a máscara da macaca - confeccionada com cabelos humanos. A aceitação foi máxima, e as apresentações se repetiram pela cidade. Em Recife, a zorra é tão grande que, por vezes, o público fica mais violento que a própria Monga.
Ano passado o mito ganhou o mundo. Uma das integrantes desse coletivo, Renata Faccenda, foi morar em Barcelona e se envolveu com um grupo de artistas locais. A idéia da Monga foi absorvida pelo ateliê, e o espetáculo foi montado. O grupo atraiu um grande público para a sua apresentação no BAC (Barcelona Arte Contemporanea), evento de arte que acontece todo ano em setembro, adquirindo prestígio e status artístico.
A Monga, "la chica que se convierte en mono", devido ao seu sucesso foi convidada a continuar se apresentando. Mas não sabemos ainda se isso vai rolar. Ao que parece, ela fugiu. Nos Pirineus, a polícia local encontrou indícios de estranhos acontecimentos ligados a um animal primata que têm assustado a comunidade.