Greve da Polícia
Foram intensas as campanhas pelo desarmamento nos últimos anos. Chegou-se ao cúmulo de acusar o cidadão de ser o responsável pelas armas nas mãos da criminalidade. Boa parte das pessoas compreendeu e se desarmou. Mas, como não podia deixar de ser, os criminosos continuaram a ter armas. E armas cada vez mais sofisticadas. Dessas que o cidadão não poderia ter.
O Estado equipou sua polícia com armas de alto poder de fogo. O cidadão não precisava mais de armas. Em tese, os Policiais Militares estavam equipados para proteger o cidadão e combater o crime. Era só ligar 190. Foi essa a idéia vendida para que as pessoas pudessem confiar e se desfazerem de suas armas. A revista Trip fez uma revista sobre a Campanha do Desarmamento e eu escrevi aderindo à campanha. Pensei que até que em fim uma possibilidade de paz.
Então, de repente, a polícia militar lá na Bahia entra em greve. Homens nervosos, em greve por aumento de salário, brandindo armas, tomando a Assembléia Legislativa, desafiando a lei e a autoridade do Estado afrontosamente. Uma espécie de motim. Nas ruas, mendigos sendo assassinados, ônibus invadidos por supostos policiais armados (o governador quem denunciou a suspeita). 136 mortes nos dias de greve. As pessoas com medo de sair de casa. As escolas estavam paradas, instituições de atendimento do Estado fechadas, casas sendo invadidas, arrastões em bairros e todos com muito medo.
Imaginem que corrida armamentista vai ser se essa coisa de greve da polícia se propagar, como se ameaçou. O ágio das armas de fogo aumentaria. Ninguém mais vai querer ficar desarmado em casa. Nenhum de nós vai aceitar ficar indefeso diante de pessoas armadas ou em arrastões invadindo nossa casa. E a família? Quem protegerá os nossos filhos? Telefonar para a polícia não adianta. Há até o risco de policiais grevistas estarem envolvidos. Nas reportagens eles pareciam ensandecidos, a fim de criar tumulto.
Será que isso de greve da polícia vai parar ou continuar? Aqui em São Paulo precisamos saber. Nossos policiais militares não são assim tão diferentes daqueles da Bahia. Alias, boa parte do nosso efetivo militar é composta por baianos. De repente vamos ter que defender nossos lares e precisamos estar preparados.
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Luiz Mendes
15/02/2012.