30 anos de sacanagem

Em 2011, o pornô made in Brazil se torna um respeitável senhor de 30 anos

Em 2011, o pornô made in Brazil se torna um respeitável senhor de 30 anos. Em 1981 os cineastas Raffaele Rossi e Laente Calicchio dirigiram Coisas eróticas, primeiro filme brasileiro de sexo explícito. A história está no documentário A primeira vez do cinema nacional, de Hugo Moura e Denise Godinho, que estreia em 2012. Curiosidades sobre o filme::

Coisas eróticas conquistou 4,7 milhões de espectadores e permanece entre as 20 maiores bilheterias do cinema nacional.

• A bunda do cartaz do filme que levou multidões aos cinemas não pertencia a uma mulher, mas a um travesti.

• O surgimento do pornô verde-amarelo só foi possível graças a O império dos sentidos, filme japonês com sexo explícito. Depois que os exibidores brasileiros conquistaram na Justiça o direito de mostrar o filme, abriram a jurisprudência para os cineastas daqui fazerem seus próprios filmes de sexo.

• Anal? Oral? Fist-fucking? Gang bang? Nada disso. A primeira cena de sexo do nosso cinema foi uma singela punheta, tocada pelo ator Oásis Minitti, protagonista de Coisas Eróticas.

• Oásis Minniti, advogado e ator, era casado e pai de dois filhos quando aceitou participar do filme. Tornou-se o mais famoso ator pornográfico brasileiro e chegou a dar aulas de sexo.

• O sucesso de Coisas Eróticas acabou por eliminar a diversidade da Boca do Lixo paulistana, um cinema feito do povo para o povo e até então baseado em vários gêneros: comédia, terror, policial, faroeste. De uma hora para outra, a Boca passou a trabalhar só com sexo explícito e todos os outros gêneros sumiram. Quando o público se cansou da sacanagem na tela grande, migrando para o pornô em VHS, já era tarde para voltar atrás. E, assim, o cinema da Boca morreu.

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