Precisamos pensar em modelos que permitam o livre fluxo de recursos monetários
Aprendemos desde cedo na escola que o corpo precisa ter uma boa circulação para o seu funcionamento. O coração deve funcionar como uma bomba, levando o sangue com força o suficiente para que ele atinja todas as partes do corpo através dos vasos sanguíneos. Uma circulação saudável garante o equilíbrio das funções do corpo, e é vital para a manutenção da vida. Quando o sangue chega em um tecido ou órgão, ele leva nutrientes e oxigênio, garantindo a defesa imunológica do organismo.
Qualquer distúrbio no livre fluir do sangue através de nossas veias e artérias são sinais de que algo não está funcionando bem. Em casos extremos, a falta de irrigação pode causar gangrena, ou seja, a morte daquela parte do corpo em que o sangue não chega. Por outro lado, o acúmulo excessivo de sangue em um tecido tampouco é saudável.
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Se fizermos uma analogia do corpo humano com o nosso modelo econômico atual, o dinheiro seria o elemento que mais se aproximaria do papel do sangue. É a sua livre circulação que permite a criação de projetos e a materialização de ideias, garantindo a inovação e a melhoria de nossa vida. É ele, também, que garante a satisfação tanto de nossas necessidades básicas, como alimentação e moradia, quanto das não tão básicas, mas que trazem colorido e conforto.
Agora, imagine o que aconteceria conosco se os órgãos do nosso corpo estivessem brigando o tempo todo para acumular cada vez mais sangue, com medo de que faltasse recursos para todo mundo. O sistema entraria, mais cedo ou mais tarde, em colapso. Porém, é exatamente isso que fazemos em relação ao dinheiro. Grande parte do nosso tempo e do nosso pensamento está voltado para a busca pelo acúmulo de maiores quantidades de dinheiro. Isso é verdade tanto para quem não tem dinheiro quanto para quem já tem mais do que o necessário para diversas gerações.
“Muitas ideias morrem por falta de recursos, piorando a qualidade de vida de todos”
Daniel Izzo
E, claro, tanto a falta quanto o excesso de dinheiro causam problemas sociais. Sejam eles fome e falta de acesso a serviços básicos, sejam eles medo e falta de segurança. Esse fluxo travado também reduz o potencial de inovação da sociedade como um todo, já que muitas ideias morrem por falta de recursos, piorando a qualidade de vida de todos.
Está cada vez mais claro que, assim como o sangue no corpo, precisamos pensar em modelos que permitam o livre fluxo de recursos monetários, para que tenhamos uma sociedade saudável, ou seja, mais justa e mais dinâmica.
Daniel Izzo foi um dos homenageados do Trip Transformadores 2016.
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