Homenageados do Trip Transformadores falam de amigos com quem perderam o contato
O Trip Transformadores homenageia anualmente alguns dos trabalhos sociais e políticos mais relevantes do Brasil. E, assim como em anos anteriores, a sexta edição do projeto tem homenageados das mais diversas áreas, com diferentes origens, histórias de vida e trajetórias - a cerimônia de premiação, no Auditório Ibirapuera, será no dia 24 de outubro. Muitas dessas trajetórias foram de alguma forma influenciadas por amigos que fizeram parte da formação dessas pessoas, revelando nelas interesses que, ao longo da vida, se tornariam vocação. Os caminhos escolhidos por cada um dos homenageados, contudo, acabaram por separá-los de alguns desses parceiros de jornada. Nestas páginas você conhece os motivos que levaram a essas separações e descobre o impacto que essas pessoas tiveram na vida dos homenageados.
O Prêmio Trip Transformadores é apoiado por marcas com princípios alinhados à iniciativa e a seus homenageados. Este ano o prêmio é patrocinado pelo Grupo Boticário, nosso parceiro desde 2008, e Itaú, conosco desde 2011. Apoiado por Audi, Grupo Ink, Suzano Papel e Celulose, Almapp/bbdo, H2OH!, Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Rádio Eldorado e Estadão.
Isabel Fillardis - A atriz e criadora da ONG Doe Seu Lixo se surpreendeu por lembrar o nome completo de sua amiga de infância e fala com ternura do passado de pré-adolescência: 'Alessandra Larreto Martem foi minha amiga de infância e estudamos juntas até a terceira série. Por muito tempo mantivemos contato, mas depois que me casei nos distanciamos, nem sei onde ela foi parar. Quando éramos novinhas, na casa dela tinha uma daquelas piscinas de montar e a gente passava horas lá. Além dela, tive várias amigas da época em que eu era modelo que se distanciaram depois que comecei a trabalhar como atriz. Algumas devem ter pensado que, mudando de profissão, mudaria de amizades. Muito doido, né?'
Crédito: Arquivo pessoal
Cafu - O capitão do Penta perdeu o contato com um grande amigo ainda nos anos 90, depois de dividir com ele vitórias, derrotas e uma casa na capital paulista: 'Elivélton é mineiro e foi contratado pelo São Paulo em 1990, quando tinha só 19 anos. Morou na minha casa e dividíamos tudo, nossas famílias passaram muito tempo juntas. Ele deixou o São Paulo em 93 e foi jogar no Japão. No ano seguinte, fui para a Espanha. Foi um grande jogador e amigo, jogamos juntos no São Paulo e na seleção, e hoje ele está no showbol, mas infelizmente não temos a proximidade de antes.'
Crédito: Arquivo pessoal
Laerte - Na vanguarda dos quadrinhos desde os anos 80 e hoje transgênero, Laerte acha que graças às mídias sociais as separações entre amigos são ainda mais profundas: 'Por conta do Google, do Facebook e da internet de um modo geral, encontrei vários amigos de antigamente. Quanto aos que não encontrei, pelo menos descobri pistas sólidas de seus paradeiros. Em pelo menos um caso, no entanto, fico com receio de retomar o contato. Não sei bem como ele se daria, em que clima – e tenho algum receio do que pode resultar de um movimento intencional nesse sentido. A pessoa pode não estar a fim de te encontrar.'
Crédito: Arquivo pessoal
Roberto Waack - O biólogo e fundador da empresa de economia verde Amata descobriu – ao lado de um parceiro de remo e amigo do colégio – a semente do interesse pela natureza: 'Estudei junto com o Alexandre Galvão Bueno no colégio. Minha iniciação no mundo da biologia e o começo da relação que hoje estabeleci com a natureza aconteceu a seu lado, entre 1972 e 1974. Nós éramos parceiros de remo e fazíamos pequenas expedições pelo interior do Brasil, coletando cobras para mandar ao Butantã, criando juntos uma relação muito intensa com a fauna. Ele acabou indo fazer medicina, se mudou para o interior do Paraná e nos falamos raramente.'
Crédito: Arquivo pessoal
Joás Brandão - O homem que zela pela preservação da Chapada Diamantina dividiu com um grande amigo os anos de estudo na Escola Técnica de Wagner (BA): 'É bom falar de um amigo que não vejo faz tempo. Conheci Linaldo Andrade em Wagner. Moramos juntos quando eu tinha uns 18 anos, em uma república do curso de agropecuária. A gente cozinhava, discutia vegetarianismo e andava sempre junto. Éramos grandes amigos, desses de dividir segredos. Depois, quando o curso acabou, cada um foi pro seu canto. Fiquei sabendo que ele foi morar em Salvador. Essa amizade deu muitas histórias…'
Crédito: Arquivo pessoal
Luiz Eduardo Soares - O amigo que sumiu da vida do antropólogo era imaginário. Dimas era de outro planeta e nasceu graças a um capacete de astronauta que ganhou de um tio quando garoto: 'Acontecia de eu acordar no meio da noite e ele estar ali, plantado em meu pensamento. Dimas foi um bom companheiro, e ninguém soube dele. A condição de sua sobrevivência era o segredo. Um dia quebrei a promessa e falei dele no confessionário, numa missa de domingo, porque ele era a razão dos meus principais pecados à época: os meus atrasos de manhã e a desatenção nos estudos. O fato é que meu melhor amigo não voltou. Viajei durante meses ao planeta em cuja órbita ele costumava flutuar, e nada. Nunca mais. Quem sabe agora, tornando pública sua história...'
Crédito: Arquivo pessoal
Ana Beatriz - Autora do livro Mude seu falar que eu mudo meu ouvir é a mais jovem entre os Transformadores deste ano, mas sabe o valor de uma amizade antiga: 'Tenho duas grandes amigas de quem sinto muita saudade, uma que já faleceu e outra que continua viva: Sandra Costa e Juliana Diegues. Nós três fazíamos teatro juntas. A Juliana, que hoje mora longe, era da minha rua, então, desde antes do teatro, nós fazíamos tudo juntas, até que ela mudou de cidade... Hoje não nos vemos mais, infelizmente.'
Crédito: Arquivo pessoal
Evelyn Ioschpe - A presidente da Fundação Iochpe diz ter recebido uma influência muito boa de uma amiga da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ainda na ditadura militar: 'A Lícia Peres é uma baiana que mora em Porto Alegre. Fomos colegas de faculdade nas ciências sociais da UFRGS. Ela era minha amigona nessa época, mas, infelizmente, acabamos perdendo o contato em uma dessas voltas que a vida faz. Passamos juntas por um momento político duro, no período de repressão do regime militar; ela era militante do PDT e, depois, seu marido até chegou a ser vice-prefeito de Porto Alegre. Ela me marcou nessa questão do pensar o momento político do país, foi importantíssima para mim. E hoje já se vão anos sem nos encontrarmos...'
Crédito: Arquivo pessoal
Vera Cordeiro - Um encontro com um jornalista do The New York Times acabou por apresentar um grande amigo para a diretora da Associação Saúde Criança: 'Conheci o David Bornstein quando, há dez anos, ele veio ao Brasil fazer uma entrevista comigo para o The New York Times. Nos demos tão bem que a reportagem acabou virando a história da minha vida. Foi interessante porque é raro uma entrevista virar uma amizade verdadeira, e com David senti que houve uma afinidade instantânea. Hoje estamos mais afastados, principalmente pela distância. Ele vive em Nova York e eu, no Rio, e tenho saudades de conversar com ele.'
Crédito: Divulgação/TEDx
Gabriela Leite - A ativista da Daspu tem saudade dos tempos de bailinho: 'Na adolescência eu tinha uma turma muito legal no Jabaquara (São Paulo). Éramos uns seis jovens. Com nossos LPs debaixo do braço a gente ia atrás dos bailes na vizinhança. Além de entrar de penetra, conseguíamos colocar na vitrola nossos rocks e íamos para o meio da sala dançar. Uma pessoa conseguia isso: Marcio Tolosa, amigo que nunca esqueci. A última vez que o vi foi no começo da década de 1980, quando o encontrei como comissário da antiga Varig. Ficaria feliz em reencontrá-lo e lembrar nosso grande amor pelos Rolling Stones.'
Crédito: Reprodução
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