Afeto para transformar as desigualdades

por Estela Renner

Mas como sentir afeto pelo outro se não há convivência com o outro? A diretora Estela Renner reflete sobre a questão

A meu ver, uma das formas de combater a eterna desigualdade social que vivemos hoje é através do afeto.  

Mas como sentir afeto pelo outro se não há convivência com o outro? Depois de uma década fazendo filmes relacionados à infância, penso que seria um bom começo que, dentre outras coisas, tivéssemos creche pública de qualidade para todos, onde crianças crescessem juntas e a escola não fosse uma preparação para vida, mas sim a própria vida.

“Com as brincadeiras, um mundo cheio de sentido se constrói através do olho no olho, da colaboração, da curiosidade e do prazer”

Uma forma de as crianças não crescerem cercadas pelas fronteiras do preconceito e sim cercadas pelas dimensões múltiplas da humanidade. Seria um passo eficiente para que a desigualdade fosse combatida e a convivência fosse celebrada. Isso porque a primeira infância é centrada no ato legítimo de brincar, sem obstáculos. E com as brincadeiras, um mundo cheio de sentido se constrói através do olho no olho, da colaboração, da curiosidade e do prazer.

O adulto terá tido uma base para poder encarar o outro como um igual, facilitando o afeto mútuo e assim um mundo mais justo.

Estela Renner é diretora e roteirista de ficção e documentarista. Lançou em 2012 pela Maria Farinha Filmes o documentário Muito Além do Peso, que retrata a epidemia de obesidade entre crianças no Brasil. Ela foi homenageada do Trip Transformadores em 2016.

Acompanhe semanalmente os textos de grandes pensadores da sociedade brasileira, que já passaram pelo palco do Transformadores.

fechar