play

Padre Júlio Lancellotti: Existe uma desumanização acelerada

por Redação

Uma das mais importantes figuras na luta pelos direitos das populações mais vulneráveis na pandemia, padre Júlio fala sobre as ameaças que recebeu, a violência na Cracolândia e o momento que vivemos

Embora seja do grupo de risco da Covid-19, Padre Júlio Lancellotti, prestes a completar 72 anos, tem enfrentado a pandemia na linha de frente. Atuando diariamente no socorro da população mais vulnerável, ele leva alimentos, roupas, itens de higiene e luta por acomodação para as pessoas em situação de rua. Pároco na Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, e à frente da Pastoral da Rua em São Paulo, ele é também um dos fundadores da Casa Vida, que acolhe crianças soropositivas, e já atuou dentro de penitenciárias e da antiga Febem (hoje Fundação Casa). "O sistema neoliberal tem uma lógica, e a lógica é do descarte", diz o padre, teólogo e pedagogo que luta pelos direitos e por dignidade para esses excluídos, ou "descartados", como prefere chamar.

play

Essa batalha chegou a transformá-lo em alvo de difamações e ataques nas redes sociais e nas ruas, e em setembro ele registrou um boletim de ocorrência após ser ameaçado. Mas a violência não o intimida. Padre Júlio já resistiu em reintegrações de posse, levou bomba de gás em manifestações de rua e denuncia com frequência a violência policial. "Esse medo das ameaças não pode me acovardar. Eu seria falso se assumisse o silêncio ou me calasse diante da homofobia, da transfobia, do racismo, do ódio aos pobres, de tortura a presos e a moradores de rua." 

Com 35 anos de experiência lidando com a carência e com as desigualdades, ele compartilha a Trip sua visão sobre os caminhos para amparar a população de rua, os egressos do sistema carcerário e a Cracolândia. "Vemos a Cracolândia não pela dependência química, mas pela questão da classe social da qual eles são. Se tivessem um lugar para morar, não seria problema. O problema é que eles estão expostos e são visíveis." 

Trip. Padre, o senhor desenvolve um trabalho há mais de 30 anos com a população de rua da cidade de São Paulo. Queria que você, que conhece de perto, falasse de onde vêm e quem são as pessoas em situação de rua em São Paulo.

Padre Júlio Lancelotti. A população de rua é muito heterogênea, não dá para dizer que tem um perfil só. Agora durante a pandemia, e desde do golpe que derrubou a ex-presidente Dilma, a crise fez aumentar muito o número de pessoas na rua. Nenhuma causa é única, não é dizer "é só o desemprego" porque no Brasil tem 13 milhões de desempregados e não estão todos na rua. É um arranjo, uma questão pessoal de perdas sucessivas que não são trabalhadas de maneira que sustentem essa pessoa. Tem muitos jovens na rua, muitos idosos. Aumenta o número de mulheres com crianças. Gosto muito da expressão que o Papa Francisco usa, desde a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, dos "descartados". O sistema neoliberal tem uma lógica, e é a lógica do descarte. Quando você fala "excluído", você vai descobrir que existem políticas de inclusão, mas, quando se fala "descartado", não existe política de "encarte". O que se faz com o copo descartável? O que se faz com um prato descartável? É lixo. Então essas pessoas são completamente insignificantes, indesejáveis e de certa forma o sistema não as quer. Elas fazem parte de uma lógica perversa que as joga no lixo. A política pública é o que sobra para os descartados. Acho que seria muito escandaloso eles morrerem todos de uma vez, então tem política pública para mantê-los com um resto de vida.

Nos últimos anos houve uma evolução nos movimentos feministas, antirracistas, das questões de gênero e LGBTQ+. Mas tem um universo que parece esquecido, que é o dos egressos do sistema carcerário. Essa população é gigantesca, só cresce, e, quando um sujeito sai da cadeia, ele sai sem nada. Como é para esse cidadão que paga sua pena voltar para a rua sem saber o que fazer e para onde ir? Eu convivi muito com os presos e as presas. Guardo muito na minha memória a convivência com as mulheres presas. Fiquei muitos anos acompanhando, desde que elas começaram a entrar naquela penitenciária feminina do Tatuapé, até quando a penitenciária foi extinta. Sempre no dia de Natal eu estava com elas, na Páscoa, na Semana Santa, o ano inteiro eu celebrava a missa com essas mulheres presas. Esse dado que você levanta é um dado muito importante, porque nenhum desses grupos se preocupa com as mulheres presas, com as mulheres trans presas, com os gays presos, com o grupo LGBT que está preso, com os negros, que são a maioria dos presos. Essas bandeiras desfraldam dos espaços de liberdade. O movimento que tem dentro dos presídios são os chamados de PCC, dos comandos, que dominam o sistema carcerário. Tanto que você vê o pouco que o Estado ou os governos mexem no sistema carcerário, porque é complicado e porque vai desnudar uma face bárbara da corrupção e do crime organizado. Agora, um dos últimos Censo apontou – e até é um dado delicado de dizer porque pode aumentar o preconceito – que 42% da população de rua passou pelo sistema carcerário. E eles trazem para a rua esse mundo. Às vezes eu vejo alguns desses irmãos com quem eu convivo e que estão em situação de rua, e a impressão que eu tenho é que eles ainda estão dentro da prisão, só que o pátio agora ficou maior. Todos eles têm experiência de tortura, de violência, de maus tratos, do exercício do poder. Essa estrutura da rua é muito marcada pela estrutura carcerária, e, por incrível que pareça, os espaços de acolhida e de convivência para a população de rua lembram muito essa estrutura para eles.

“O que o sistema neoliberal quer é tutelar os descartados, não quer que os descartados tenham autonomia.”
Padre Júlio Lancellotti

Porque eles não têm autonomia, têm horário para entrar, para sair, para comer, para dormir, horário da televisão. Alguns dizem que certos centros de acolhida parecem "semiliberdade''. E uma das questões sérias com a população de rua é que ela é tutelada: sempre as chamadas políticas públicas são de tutela, elas não são geradoras de autonomia. Mesmo porque a autonomia, no mundo em que a gente vive, é muito perigosa. Autonomia de pensamento, autonomia de sentimento, autonomia de movimento. Então a população em situação de rua é uma população extremamente tutelada, e essa tutela infantiliza, embrutece e desumaniza.

LEIA TAMBÉM: O amor-próprio entre mulheres na Cracolândia

A dependência química, em especial do crack, é um problema muito marcante e que atinge muitas pessoas nas ruas. Para você, qual seria o caminho para resolver essa questão, para além do trabalho que você já faz de acolhimento e escuta dessas pessoas? Eu acho que nós não sabemos lidar com o dependente químico em geral, porque não existem dependentes químicos só na rua. Seguramente no condomínio de todos que estão nos lendo tem dependentes químicos, e tem os dependentes de drogas lícitas e de drogas ilícitas. A questão não é a dependência química, é a questão social dessa pessoa. Quem tem uma dependência química e mora numa cobertura não tem problema nenhum. Ele pode ter problemas com os condôminos, com o síndico, alguma coisa assim. Mas você acha que em São Paulo só se usa crack na Cracolândia? Será que são só eles? Quem é que usa cocaína em São Paulo, são só os moradores de rua? Quem usa heroína? E quem usa Diazepam e todos esses remédios que muita gente usa para poder dormir? Isso sem falar do consumo de álcool. Eu digo: tem a Cracolândia, mas tem a Pingolândia, e a Cervejolândia, a Whiskilândia. Só que a única que todo mundo vê é a Cracolândia. Ali se vê, não pela questão da dependência química, mas pela questão da classe social a qual eles pertencem. Se eles não fossem pobres e miseráveis, se tivessem um lugar para morar, não seria problema. O problema é que eles estão expostos e são visíveis. De certa forma todos nós temos alguma dependência química.

LEIA TAMBÉM: O rapper Dexter divide o que aprendeu com seu público e com outros ex-presidiários

Você defendeu muito a estratégia de se utilizar hotéis que ficaram ociosos durante a pandemia para alojar a população de rua neste momento, uma medida que foi tomada em algumas cidades na Europa. Com a sua experiência, depois do afeto, de acolher e ouvir essas pessoas, por onde começar a resolução desse problema da população em situação de rua? Seria por providenciar uma habitação decente para essas pessoas? Eu acredito que sim. Mas veja, nós precisamos ter claro que nós temos que superar a desigualdade. Começa por uma superação da desigualdade, da opressão, da tirania, da corrupção, do crime organizado. São várias as questões que se interrelacionam para que a vida seja humanizada.

“Nós chegamos a um estágio de desumanização do qual vai ser muito difícil fazer a reversão histórica. ”
Padre Júlio Lancellotti

Porque a reversão histórica não é feita num episódio. Nós chegamos onde chegamos porque nós fomos acumulando uma forma de ser, uma forma de agir, uma forma de descartar, e aí é uma coisa que me chama muito a atenção: a pessoa que é tratada com desumanidade continuamente e repetidamente, ela vai acabar se desumanizando também. Isso também entra nela. Por exemplo, a imprensa me cobrou muito sobre o arrastão que aconteceu lá na Cracolândia na terça-feira, dia 8 de dezembro. Só que toda a mídia mostrou o último capítulo da novela, sem mostrar como é que aquilo começou e por que chegou naquilo. A gente convive com essas pessoas, e é muito doloroso ver isso. Eu disse, e foi difícil as pessoas compreenderem, que a violência gera violência. Isso a minha tataravó já dizia. As pessoas que são tratadas com violência, o repertório delas é responder com violência. Se eu te maltratar, você está programado mentalmente para me responder agressivamente. Se você me maltratar, eu estou programado emocionalmente pra te responder duro também. Dificilmente uma pessoa que é maltratada responde para o agressor de uma maneira suave: "Calma, não é bem assim", "veja bem". Então se um morador de rua me trata mal, eu imediatamente o trato mal também. Agora, quando eu o trato mal e ele me trata mal de volta, eu o criminalizo. Mas ele está me respondendo no diapasão, na pauta que eu dei para ele. O povo que está na rua sofre diariamente humilhação, escracho, falta de acesso à água potável, à alimentação, à um lugar adequado para urinar, não tem um lugar para defecar, a roupa pode estar fedendo, ele não tem outra roupa pra trocar. Ele mesmo em alguns momentos se sente desagradável, a boca não sente mais o sabor, não consegue dormir, é uma perturbação contínua. Como é que essa pessoa vai responder positivamente? Eu falo muito isso: eles não são nem anjos nem demônios, são pessoas. Imagina você ou eu vivermos uma semana nessas condições? Uma semana esperando alguém te trazer comida, sem saber se vão trazer ou não? Uma semana comendo só aquilo que te dão, sem poder escolher? Tendo que dormir na calçada? Eu acredito que, com tanta repressão, eles reagem pouco.

Eu entrevistei aqui o Celso Athayde, uma liderança importante das periferias, criador da CUFA, e ele disse: "Por alguma razão o povo pobre ainda recebe passivamente a situação que lhe é imposta. Imagine se esse povo começa a se organizar para atacar e para retribuir". Por que você acha que isso não acontece? Porque o povo pobre também é ideologizado pela ideologia dominante. Eles assistem aos meios de comunicação dominantes, eles recebem a estrutura dominante. Eu gosto muito de um pensamento da Simone de Beauvoir que diz: "Os opressores não teriam tanto poder se não tivessem tantos cúmplices entre os oprimidos". É aquilo que o nosso Paulo Freire, tão maltratado no Brasil dessa atual política, diz: "A cabeça do oprimido é o quarto de hóspedes do opressor". Então a nossa sociedade funciona ideologicamente para que o negro pense com a cabeça do branco, a mulher pense com a cabeça do homem, a criança com a cabeça do adulto, o índio com a cabeça do chamado civilizado. E o pobre, muitas vezes, ele pensa com a cabeça do rico. Por isso que a educação no Brasil não é libertadora, ela é uma educação bancária, como dizia o Paulo Freire, onde se coloca na cabeça das pessoas a ideologia dominante. Você vê, os pobres votam no Bolsonaro. Aqui em São Paulo, votam em quem? O que viram no Boulos? "Esse é um cara perigoso. Ele vai invadir meu domicílio". Isso o povo todo pensa. Se você perguntar a um motorista de táxi, ou perguntar na feira, para o povão que está lá: "A cor do menino qual é?". Todos vão dizer: "É azul". E a cor da menina? Cor-de-rosa. O que é o vermelho? Comunista. O que é o comunista? Perigoso. A nossa maneira de pensar hoje é muito empobrecida. Nós nunca vivemos um momento de tanto empobrecimento do pensamento como nós estamos vivendo agora.

Quando foi homenageado pelo Trip Transformadores em 2018, você disse que se sente sempre um fracassado, e quando não for um fracassado, é porque aderiu ao sistema. E disse ainda: "Eu não vou ver a mudança pela qual eu luto, porque essa luta é uma luta histórica". Depois de 35 anos batalhando no dia a dia, você fala numa reversão histórica. Você acha que nós estamos piorando como sociedade? Andamos para trás de uma maneira geral? Eu acredito que nada é monolítico, nós temos luz e trevas. Talvez estejamos vivendo um momento em que as trevas, ou o que nós chamamos de trevas, porque eles também nos acham trevas, esteja muito forte. A gente também seria muito pretensioso de achar "eu sou a luz". Mas nós temos que ter instrumentos de análise. Uma objetividade é a qualidade de vida: o nosso povo se alimenta adequadamente? Se alimenta o necessário? O nosso povo tem um lugar decente para dormir? O trabalho que o nosso povo faz é remunerado adequadamente? As desigualdades entre o nosso povo são em que nível, de um para trinta, de um para três mil, ou de um para trezentos mil? Existem dados objetivos, a própria ONU tem os indicadores de desenvolvimento humano. Por exemplo, se temos acesso à água potável, ao esgoto, à alimentação, à informação verdadeira e não manipulada, acesso a processos civilizatórios e de humanização. O que nós temos neste momento no Brasil é uma perda desses indicadores. Estamos com 13 milhões de desempregados. Aumentamos o número de pessoas abaixo da linha da miséria, que são menos de 2 dólares por dia. Esses parâmetros mostram, objetivamente, que nós estamos num processo de desumanização acelerada. O presidente colocou em xeque todos os programas de saúde mental, suspendeu até janeiro todos os exames de HIV e de hepatite C. O número de feminicídio dispara no Brasil. Tem muito mais gente na rua, muito mais gente desempregada, muita gente dormindo na calçada e temos excesso de bens para alguns. Esses dados são os indicadores de desumanização que nós temos. Você viu que na Argentina começou a taxação das grandes fortunas? Agora, a ideologia dominante fez a cabeça do nosso povo e o desempregado é contra a taxação de grandes fortuna.

LEIA TAMBÉM: Os objetos mais preciosos dos moradores de rua

Qual foi a última vez que você chorou? Hoje me emocionou muito uma notícia que eu vi: o Canadá comprou em vacinas a quantia de cinco doses para cada cidadão canadense, quando são necessárias duas doses. Para quê? Os países ricos vão comprar toda a vacina, e o que vai sobrar para a Etiópia, o que vai sobrar para a Somália? Esse é o mundo que nós não podemos aceitar. Seria bonito que o Canadá usasse as duas doses da vacina em cada canadenses e em todos os imigrantes que moram lá, e as outras três que sobrarem fossem doadas aos países pobres. Porque nesse momento a vacina virou um negócio político. A discussão no Brasil sobre a vacina é política, é ideológica. Estamos vivendo uma emergência sanitária que precisa de respostas solidárias, humanizadoras. Muita gente falou: "Nós vamos sair dessa pandemia melhores". Você olha a 25 de março nesses dias e você diz: "Como é que ainda não entrou na cabeça desse povo?". Daqui 15 dias é Natal, todos os que se contaminaram lá vão aparecer no Natal. Então a gente não pode ser nem alarmista, nem pessimista, mas a gente tem que ser realista. Talvez quando eu diga seja um pouco incompreensível, mas eu luto não pra ganhar, mas para ser fiel.

Durante a sua luta você tem recebido ameaças, algumas concretas. Você chegou a fazer boletim de ocorrência após dois homens gritarem ameaças para você na rua. Mas dá a impressão às vezes que você não tem medo de morrer. Você tem medo de morrer ou não? Acho que medo de morrer todos temos, porque é um desconhecido. Eu tenho que aprender o que é morrer. Outro dia uma jornalista me perguntou se eu tenho alguma pretensão política e eu falei que eu tenho três pretensões: o hospital, o asilo ou o cemitério. Na idade em que eu estou são essas as três possibilidades no meu horizonte. Eu não sei como é morrer, eu ainda não morri. Eu vou aprender a morrer na hora que eu morrer, como você. É uma aprendizagem tão nossa que a gente não vai poder contar para os outros como é que foi. Esse medo eu acho que todos nós temos. Agora, o medo das ameaças não pode me acovardar. Eu não tenho condições, até de identidade e psicológicas, de voltar atrás naquilo que eu acredito e naquilo que eu faço. Eu não posso ver maltratarem os moradores de rua e ficar calado, não estaria em mim. Eu seria falso se eu assumisse o silêncio ou me calasse diante de uma homofobia, diante de transfobia, diante de racismo, diante de ódio aos pobres, de tortura a presos e a moradores de rua. Eu formei a minha identidade e eu me reconheço assim. Vou fazer nesse mês 72 anos. Nesses anos todos de vida quatro pessoas que iam me matar vieram pedir perdão e dizer que iam me matar e não conseguiram. Eu confio na proteção de Deus. Confio na força e na coragem, porque se eu for ficar com medo... Eu gosto de um canto das comunidades de base que diz "quem tem medo sofre mais". A gente tem medo. Eu tenho medo. Eu choro. E eu ainda não sei como é morrer, embora a minha vida seja marcada pela morte de muitas pessoas queridas. Eu tenho marcado em mim a morte do meu pai, a morte muito dolorosa da minha mãe, dos meus dois irmãos, da minha cunhada, de todas as crianças que eu cuidei na Casa Vida e que morreram de Aids. Todas muito pequeninas, jovens, a mais velha morreu com 16 anos. Os outros todos com menos idade. Eu carrego a marca das dores de todas essas pessoas queridas. Me marcou muito a morte de Dom Luciano Mendes de Almeida, a morte de Dom Paulo Evaristo Arns, a morte de Dom Pedro Casaldáliga. Todas as pessoas que me marcaram na vida. Eu tenho muitos nomes. O que nos humaniza é termos muitos nomes gravados na nossa memória.

LEIA TAMBÉM: Black Alien conta como superou as drogas e a morte do melhor amigo

Sobre o Natal, parece que é uma data que se transformou numa campanha gigantesca de publicidade, shoppings, presentes e Papai Noel com as renas. Se a gente já tinha perdido conexão com o seu significado, agora ele ainda vai acontecer em meio a uma pandemia que impossibilita os encontros nas famílias. O que é o Natal para você? O Natal é pra mim é forte e importante na simplicidade de um Deus que se faz humano, fraco e pequeno. De um Deus que não é poderoso e é amoroso, que não é adulto e é criança, que não é rico mas é pobre, que não está no palácio mas está na rua. É de novo chamar a nossa atenção de crer no impossível, e de crer no inacreditável, e esperar aquilo que vai chegar, não sabemos quando, mas que é o despojamento do amor. Para mim o Natal é essa simplicidade amorosa de dar a vida, de estar com os fracos e nunca querer ser forte.

Créditos

Imagem principal: Mario Ladeira

fechar