Ator conversa com a Trip e fala sobre paternidade, política e carreira
Nem mesmo a situação política do país ou ainda o trabalho excessivo após emendar uma novela na outra podem abalar Enrique Diaz. Disposto a viver todos os desafios como partes essenciais da condição humana, ele conta: “Assumir a vida é gostar também do fracasso. Achar que a sua vida estará toda direcionada para o sucesso é um erro. O nosso caminho inclui a sarjeta, o buraco, o erro, a ressaca. Quem disse que mereço o sucesso sempre? Às vezes o que preciso é dar uma tropicada".
Na profissão, ao menos, não são tantas tropicadas assim. Hoje no ar como Timbó, da novela “Mar do Sertão”, Enrique coleciona personagens emblemáticos, tendo sido inclusive um dos únicos atores a fazer as duas versões de “Pantanal”. Na vida pessoal, com duas filhas, o ator admite que as coisas não são assim tão simples: “Você sempre acha que pode de fato educar, mas aí percebe que é muito mais uma matéria incandescente com a qual elas aprendem muito mais com a sua presença do que com as coisas que você fala. O tempo inteiro elas estão muito melhores do que eu estou pensando, e eu pateticamente tentando ajudar.”
Aos 55 anos, o artista e diretor de teatro bateu um papo divertido com o Trip FM, relembrou um pouco da extensa e bem-sucedida carreira, fez previsões para o futuro e falou da decisão de morar em casa separada da esposa, a atriz Mariana Lima. Confira no play, leia um trecho abaixo ou procure o programa no Spotify.
Trip. Entre tantos sucessos, como você lida com o fracasso na sua vida?
Já refleti muito sobre assumir a vida. Assumir a vida é gostar também do fracasso. A qualidade das coisas que acontecem com a gente nas nossas tentativas é muito variada: achar que a sua vida vai estar toda direcionada para o sucesso é um erro. O nosso caminho inclui a sarjeta, o buraco, o erro, a ressaca. Volta e meia eu me lembro que estou precisando viver alguma ressaca. Quem disse que eu mereço o sucesso sempre? Às vezes o que eu preciso é dar uma tropicada.
Como é ser pai de duas meninas?
Eu vivo em um mundo muito feminino, com a minhas filhas e a minha esposa. Esse caldo afetivo me ensina muita coisa, mas é claro que eu faço parte dele com algum eventual machismo que me pertence. Você sempre acha que pode de fato educar, mas aí percebe que é muito mais uma matéria incandescente com a qual elas aprendem muito mais com a sua presença do que com as coisas que você fala. O tempo inteiro elas estão muito melhores do que eu estou pensando, e eu pateticamente tentando ajudar.
Com tudo que tem acontecido no Brasil, como você acha que estará daqui a cinco anos?
Você reconhecer esse esgoto que se formou no Brasil, entender de onde veio, não se esconder dele e eventualmente imaginar que isso pode continuar a piorar, não impede que você deseje, aja e esclareça quais são essas ações para um mundo de florescimento, de respeito, de diversidade e de educação em oposição a uma estética troglodita de opressão, burrice e proveito próprio. Cabe a nós continuar afirmando esse desejo de diversidade de vida a essas pessoas que não sabem, elas têm que aprender.
Créditos
Imagem principal: Leo Aversa