Uma autoridade em segurança pública do Brasil e autor do livro que inspirou Tropa de Elite
Todo mundo deve estar acompanhando a semana de pânico e caos que o Rio de Janeiro está vivendo graças a ataques de traficantes à população e à polícia. Os ataques começaram no domingo passado, dia 21, segundo as autoridades de segurança como retaliação à instalações de UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora, nos morros e favelas. Os ataques se intensificaram durante a semana e o número de veículos queimados pelos traficantes chegou à 98. A Polícia Militar foi colocada em alerta e sua ação reforçada por integrantes da polícia civil e das Forças Armadas Brasileiras.
O resultado das ações policiais, até agora, foi de 192 prisões e 43 mortes, entre bandidos, policiais e civis e mais de 2 toneladas de drogas foram apreendidas. É uma situação delicada que o Rio de Janeiro está vivendo e, no programa desta sexta, relembramos a entrevista que fizemos na semana passada com o antropólogo, cientista político, professor e escritor Luiz Eduardo Soares.
Luiz é ex-chefe de segurança do Rio de Janeiro, estuda a questão da segurança pública no Brasil há muitos anos e é um dos maiores especialistas sobre o assunto. Autor de diversos livros, escreveu em parceria com André Batista e Rodrigo Pimentel, Elite da Tropa, livro que deu origem ao filme Tropa de Elite. Depois de uma semana de verdadeiro pânico e caos no Rio de Janeiro, vale prestar atenção no que um profissional gabaritado tem a dizer sobre a situação da segurança pública no país, especialmente no Rio de Janeiro.
Alguns momentos do papo com Luiz Eduardo Soares:
"No Rio de Janeiro os homícidios dolosos que são esclarecidos pela polícia não passam de 1,5%. 98,5% não são esclarecidos, não são investigados".
"Eu criei no RJ o centro de referência contra a homofobia porque é uma questão emergente e muito mais sujeita a ironias e a atitudes complacentes"
"O problema da segurança pública no Brasil tem saída. Pra que haja futuro para a sociedade brasileira, tem que ter"
"O problema no Rio de Janeiro é a degradação das instituições policiais"
"Se não mudarmos a Polícia do Rio, não vai haver futuro para a segurança pública lá"
"Sem querer generalizar, mas hoje, infelizmente, a polícia é fonte de corrupção, é sócia de negócios criminosos"
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