Atriz de filmes sucessos de crítica como ”Bacurau” e ”Que Horas Ela Volta?”, ela experimenta o reconhecimento do grande público com a personagem Madeleine, da novela ”Pantanal”
“Eu só fui entender tudo o que estava acontecendo, o tamanho da repercussão, quando a novela estreou”, conta a atriz Karine Teles sobre o sucesso da personagem Madeleine. Se foi somente com a sua aparição em “Pantanal” que Karine ganhou o reconhecimento do grande público, já faz muito tempo que ela goza do aval da crítica. Com atuações muito elogiadas em filmes como “Bacurau”e “Que Hora Ela Volta?”, a artista – que também é roteirista e diretora – se solidificou com uma das vozes femininas mais potentes do cinema nacional.
Mas nem sempre foi assim. Nascida em Petrópolis e criada em Maceió, Karine escolheu a profissão já na adolescência. Hoje, como quase 30 anos de carreira, ela começa ter algum alívio financeiro, mas houve uma época em que fazia teatro para duas pessoas e precisava complementar a renda como professora de inglês e assistente pessoal. "Já fracassei muito. Quantas vezes cancelamos espetáculo por falta de plateia, com elenco maquiado, operador de luz e som, todo mundo pronto? Sou uma pessoa ferrada há tanto tempo que já neguei coisa que achava que não iria dar certo mesmo precisando de dinheiro. Mas no cinema eu dei muita sorte", conta.
Maternidade
A relação da atriz com a maternidade foi parar no cinema: Karine precisava dizer ao mundo que ser mãe não é nada romântico. A atriz decidiu então escrever uma história sobre uma mãe de quatro filhos que sonha em poder terminar os estudos, a ser interpretada por ela mesma. E assim surgiu Irene, de “Benzinho”. No longa atuam também os filhos gêmeos da atriz. "Veio um medo real de não dar conta. No primeiro ano eu tenho lapsos de memória gigantes porque de fato eu não dormia", diz sobre a maternidade.
Em um papo com o Trip FM, Karine Teles conta mais sobre a novela “Pantanal”, fala da infância, de cinema e das dificuldades de se tornar atriz. Leia um trecho abaixo ou confira o programa completo no Spotify e no Deezer.
Trip. Você acredita no poder transformador de um filme como “Que Horas Ela Volta?”, ou acha que já vai mais para o lado do sublime?
Karine Teles. A arte para mim é o que existe de mais próximo com a religião. A potência transformadora da arte é milagrosa. O contato de uma pessoa com um filme pode transcender qualquer discurso: a gente sente fisicamente aquilo. Não há como explicar certas coisas se não for pela manifestação artística.
Você fez filmes muito elogiados, mas nenhuma deles com essa abrangência de uma novela das nove. Como tem sido lidar com esse tipo de fama? Eu só fui entender o que estava acontecendo com Pantanal quando a novela estreou. Entender que estava fazendo uma personagem enorme. Pra minha sorte eu já tinha gravado 90%, porque aí eu fiquei nervosa: foi angustiante para a minha vida pessoal, mas não para o trabalho. O risco de dar errado era muito grande, porque é uma história de 30 anos que podia não ter mais apelo nenhum.
Recentemente entrevistamos a Andreia Sadi, também mãe de gêmeos, que contou que é impossível dar conta de tudo. Como foi essa experiência para você? Eu tive uma gravidez incrível, fiquei com o cabelo bonito, com tesão, estava esplendorosa. Aí meus filhos nasceram e já descobri que a amamentação não é aquela coisa automática. Tem muita coisa que as pessoas não falam. Veio um medo real de não dar conta. No primeiro ano eu tenho lapsos de memória gigantes porque de fato eu não dormia.