A jornalista fala sobre as mudanças depois da chegada dos gêmeos João e Pedro, há dez meses, os desafios da maternidade, música, corrida e, claro, política
Uma das mais influentes repórteres do Brasil e mãe dos gêmeos João e Pedro, de dez meses, Andréia Sadi brinca: "Nunca mais vou poder dizer que está para nascer o homem que vai mandar em mim – a vida me deu logo dois". Com o nascimento dos bebês, veio também o que ela chama de caos organizado. Mas é com a mesma tranquilidade e bom-humor com que faz um boletim ao vivo, que Sadi garante não dar conta de tudo. No dia a dia, precisa priorizar, resolve o que é importante e deixa o resto de lado.
Profissionalmente, sua missão é explicar o intricado cenário político brasileiro, o que faz em várias frentes, como o Jornal Hoje, da Globo, o programa Em Pauta e os noticiários da GloboNews, onde ficou conhecida pelo público, além do Em Foco, também exibido pelo canal. No programa, sua primeira empreitada solo, tem recebido alguns dos maiores protagonistas da política nacional, e contemplado os dois lados da polarização, do senador Flávio Bolsonaro ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Para construir todas essas relações, Andréia morou por dez anos em Brasília. Chegou à cidade aos 21 e trabalhou para iG, G1, Folha de S.Paulo, até começar na GloboNews, em 2015. Ferrenha defensora do jornalismo, diz citando o senador norte-americano Daniel Patrick Moynihan: "Todo mundo tem direito a ter opinião. O que você não tem é direito ao próprio fato".
A repórter, que adora um hard news, ficou no ar por 24 horas em duas ocasiões, protagonizou algumas gafes e até virou vinheta da GloboNews. Também já deu furo do táxi, presa no congestionamento, via celular.
Em um papo com o TripFM, a apresentadora ainda falou de música, corrida e educação dos filhos.
Trip. Você é uma pessoa muito solta e independente e de repente chegam duas âncoras maravilhosas. Me diz, existe vida após os gêmeos?
Andréia Sadi. Brinco que nunca mais vou poder dizer que está para nascer o homem que vai mandar em mim: a vida me deu logo dois. Eu sabia que a vida iria mudar, mas não sabia como. Posso dizer que mudou para melhor. Na prática, mudou tudo, claro, estou mais cansada. Por outro lado, em casa eu tenho um caos com método. Sou caótica, mas consigo me organizar.
O quanto essa espontaneidade de colocar um pouco do humano, do sorriso, foi uma alavanca importante para o seu sucesso? Desde pequena eu gosto de gente, de conversar com as pessoas. Lembro que resolvia logo as matérias da escola para ficar agitando. Com o jornalismo, passei a entender que aquilo que eu apurava em Brasília não traduzia para as pessoas com quem eu convivi tanto durante a minha vida pessoal. Quando comecei, ligava para os meus amigos para perguntar se eles tinham entendido alguma coisa e eles respondiam que não. Como eu já falei para a Tpm, percebi então que precisava ligar a tecla SAP.
De maneira geral, a massa de modelar do Congresso é de doer. Não tem o perigo de você se desencantar e não ter mais o menor saco de ouvir nada da boca desses caras? Não, primeiro porque eu sou taurina, teimosa. Eu quero que as pessoas entendam que aquilo é da conta delas. Me incomoda quando alguém me fala que não gosta de discutir política. É preciso participar, é sobre a sua vida. Quando a pandemia começou e a gente viu que precisava de uma gestão pública para se proteger quando ainda não havia a vacina, lá no início, quando o governo fez tudo na contramão dos especialistas, aquilo sim me deu uma tristeza profunda. Fiquei muito assustada, mas ao mesmo tempo fiz questão de ser parte do processo jornalístico para que as pessoas entendessem que era preciso seguir a ciência. Nesse caso, ficamos mais fortes como portadores da informação, já que ela salvou muitas vidas. Claro, eu fico triste, tem dias que choro, mas não perco esse brilho: seguir faz parte de participar.
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