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por Redação

”Aposentadoria é como a morte. Você sabe que ela chegará mas nunca está preparado”

O nadador Gustavo Borges é um dos mais importantes atletas olímpicos brasileiros de todos os tempos. Nascido em Ribeirão Preto (SP), cresceu na cidade de Ituverava (SP), onde começou a nadar quando tinha 10 anos. Aos 18 ganhou reconhecimento internacional com uma impecável participação nos Jogos Pan-Americanos de 1991, disputados em Havana, Cuba. No ano seguinte faturou sua primeira medalha olímpica, uma heroica prata  conquistada nos 100 metros livres.

No total foram quatro medalhas olímpicas, dezenove medalhas em Pan-Americanos e diversos recordes sul-americanos e quatro mundiais. Aposentado das competições desde 2004, após as Olimpíadas de Atenas, atualmente ele divide seu tempo entre as suas academias, as palestras e a divulgação do método que desenvolveu para o ensino da natação.

Nesta semana o Trip FM recebe o maior medalhista nacional em provas de natação em Olimpíadas e Pan-Americanos, Gustavo Borges, que em maio deste ano entrou para o International Swimming Hall of Fame. Ao lado da lendária Maria Lenk, hoje ele se tornou o segundo brasileiro a integrar o Hall da Fama da natação mundial.

Gustavo falou sobre Olimpíadas 2012, sobre a vitoriosa carreira, a vida fora das piscinas e o processo de separação entre ele e o esporte que o tornou famoso.

 

"Aposentadoria é um pouco como a morte. Você sabe que ela vai chegar mas quando chega você nunca está preparado"

 

"Eu sempre tive uma relação muito boa com a água e terminei minha carreira de uma forma muito bem resolvida. A natação hoje não é nem minha principal atividade física. Eu faço musculação, corrida, jogo tênis, então sou muito ativo ainda. Mas o nadar por prazer pra mim hoje é um pequeno problema. Você começa a ver como demora o processo de chegar, trocar de roupa, cair na água e etc... [risos] Hoje preciso me programar pra fazer isso. O importante é se manter sempre ativo."

"O momento de se aposentar é uma perda muito grande para o atleta. Você nem pensa em parar quando está no auge e a questão do esporte é muito importante para você. E essa aposentadoria é um pouco como a morte. Você sabe que ela vai chegar mas quando chega você nunca está preparado", continuou. Com o atleta, a aposentadoria é como você chegar para a sua namorada e dizer: 'olha, eu te amo, mas em quatro anos a gente vai ter que se separar'. E um dia antes desse dia, você ainda tem muito amor pelo esporte e mesmo assim tem que se separar. É um sofrimento."

 

"Com toda a exposição que eu tinha, acabava ficando mais bonito"

 

Sempre muito bem humorado, Gustavo ainda falou sobre o assédio da mulherada nos tempos áureos de campeão olímpico, dizendo que nem só de treinamento pesado e dedicação vive uma lenda das piscinas mundiais.

"Eu não era nem o maior pegador nem o maior carola do esporte [risos]. Eu era intermediário. O Xuxa (apelido do também nadador Gustavo Scherer) aprontava bem mais que eu, mas hoje ele sossegou. Quando você é jovem você tem toda aquela vontade e aquele desejo, não importa se você é atleta ou não. O quanto você apronta é que muda. Claro que com toda a exposição que eu tinha acabava ficando mais bonito [mais risos]. Esse era até um fator motivacional pra mim. [gargalhadas]."

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