Espiritismo papo reto: de suicídio a Trump
Ex-presidente da Abril, Alexandre Caldini deixou o mundo corporativo para mergulhar na filosofia espírita. Sem medo de encarar temas delicados, ele não quer pregar nada, mas sim provocar reflexão
Por Redação
em 2 de agosto de 2025
Quanto mais você se sente ‘certo’, mais risco corre de se achar especial demais”, diz Alexandre Caldini. “A vaidade disfarçada de sabedoria é traiçoeira. Melhor seguir tentando, sabendo que erramos muito, mas podemos errar um pouco menos amanhã.”
Depois de uma carreira no topo do mercado editorial, ocupando a presidência de empresas como a Editora Abril e o jornal Valor Econômico, ele decidiu trocar os relatórios pelo mergulho na vida interior – e passou a se dedicar integralmente ao estudo e à divulgação da filosofia espírita. “Queria falar de sentido, de presença, de escolhas. Consegui parar e me dedicar ao que realmente me move”, diz.
Com uma abordagem racional e nada dogmática, o escritor e palestrante propõe o espiritismo como ferramenta de autoconhecimento, ética e transformação pessoal. “Evitar conversas sobre aborto, eutanásia e suicídio empurra as pessoas para o medo. Falar sobre isso com honestidade é uma forma de cuidado coletivo.”
No Trip FM, Caldini bate um papo com Paulo Lima sobre o cansaço do mundo do lucro, os limites do ego, a ilusão da meritocracia e o valor de pensar com liberdade. Você ouvir o programa completo no play aqui em cima ou no Spotify.
Você vinha de uma carreira no topo do mercado editorial. O que te fez mudar completamente de rumo?
Alexandre Caldini. Já presidindo a Editora Abril, depois o Valor Econômico, eu estava cansadão. A vida corporativa é exigente, intensa. Chega uma hora que você pensa: cara, eu quero fazer outra coisa. Acumulei uma graninha, consegui me organizar financeiramente, e fui fazer o que gosto. Tem gente que adora surfar. Eu adoro estudar espiritismo, escrever, dar palestra. É isso que me faz vibrar. Quando vejo, passaram cinco horas e eu nem percebi. É o que me dá tesão de viver.
Seu novo livro fala de temas polêmicos como aborto, eutanásia e suicídio. Por que decidiu entrar nessas questões? Porque são temas que estão aí, na vida das pessoas. E eu acho que a gente precisa falar sobre eles. Mesmo sabendo que a maior parte do movimento espírita é conservadora, eu quis colocar essas discussões no livro. Não é pra dar lição de moral, nem pra dizer o que é certo ou errado. É pra provocar reflexão, com honestidade intelectual. O que não dá é pra fingir que esses assuntos não existem ou achar que são simples. São complexos, delicados – por isso mesmo, precisam ser tratados com respeito e abertura.
Você também fala muito sobre ego e vaidade. Como lida com isso pessoalmente? O risco de se achar iluminado é gigante. Ainda mais quando as pessoas começam a te ouvir, a te elogiar. Tem que vigiar o ego o tempo todo. Eu sou só um cara tentando entender as coisas, refletindo. Como dizia o Cortella: “vós sois mortal”. A gente está aqui de passagem. Quando começo a achar que sei demais, tento lembrar que estou só devolvendo ideias que eu mesmo recebi. Ninguém é dono da verdade. No máximo, a gente compartilha dúvidas bem pensadas.
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