Diretor de Xingu detona: ”A sociedade precisa de um alarme sobre o novo código florestal”
Atualização (27/04): Na carona do sucesso da primeira semana de exibição do filme Xingu, nesta sexta vamos reprisar o Trip FM com o diretor Cao Hamburguer, que falou sobre a produção do filme, sobre o recém-aprovado Novo Código Florestal e sobre a polêmica da Usina Belo Monte.
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Ele foi responsável por um dos programas infantis mais bacanas da década de 90, o Castelo Ra-Tim-Bum. Filho de dois importantes cientistas brasileiros, seu Ernest e dona Amélia Hamburger, antes de se enveredar pelo mundo do áudiovisual ele tentou a sorte como goleiro de futebol e músico (dizem por aí que ele participou da formação precursora dos Titãs, mas isso ele explica melhor ao longo da entrevista). O início na televisão e no cinema foi através da animação, até que em 1990 veio o convite de Fernando Meirelles para que ele desenvolvesse a continuação do bem-sucedido programa Rá-Tim-Bum.
E foi através desse mesmo projeto que ele estreou no cinema de longa-metragem, com a adaptação da série feita em 1999. Depois de mais alguns trabalhos para o público infantil e de uma temporada na Inglaterra, ele decidiu se descolar desse público e dirigiu para a televisão o seriado Filhos do Carnaval e para o cinema O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, ambos de 2006. O papo da vez no Trip FM é com Cao Hamburger, que está lançando seu mais recente trabalho, o filme Xingu, que conta a trajetória de três verdadeiros heróis brasakileiros: a trupe dos irmãos Villas-Boas.
A história do filme, ambientada há 50 anos, continua relevante até os dias de hoje. Especialmente com as polêmicas envolvendo a votação do Novo Código Florestal brasileiro e a construção da Usina de Belo Monte, questões centrais para a preservação das áreas florestais e dos povos indígenas do Brasil. Depois de tanto tempo filmando às margens do Xingu, passando por diversas aldeias, Cao tem uma posição firme sobre os assuntos.
"O Brasil tem uma chance de ouro. Nós podemos ser o ponta de lança do século XXI no quesito ambientalismo"
"Xingu trata sobre isso: sobre como nossa civilização é agressiva e prepotente. É uma história de 50 anos atrás mas é uma história atual e urgente. O Brasil tem uma chance de ouro. Nós podemos ser o ponta de lança do século XXI no quesito ambientalismo", ele comentou, apontando sua opinião sobre a instalação do novo código. "Eu já não estou entendo nada sobre o código, tudo muda a cada dia. Eu sinto antes de mais nada uma falta de trasnparência. Eu não consigo entender as posições dos políticos claramente. A gente nem sabe exatamente qual o código que está sendo votado. A sociedade precisa de um alarme sobre isso."
O cineasta também falou sobre o começo de carreira e sobre a adolescência no Colégio Equipe, famoso pelos festivais de música que organizava no final dos anos 70 e início dos anos 80, de onde emergiram bandas do calibre dos Titãs. Cao explicou que não chegou a integrar nenhuma formação da banda, mas que dividiu o palco com eles algumas vezes em momentos pré-titânicos. Ele aproveitou para contar como foi que o mundo perdeu a banda Os Camarões mas, em compensação, ganhou um grande diretor e animador.
"Eu tentei muito ser músico (...) não era um desastre, mas não levava muito jeito"
"Antes de entrar no cinema e na TV eu tentei muito ser músico. Me esforcei de verdade. Ensaiava, tocava e estudava muito, até meus 18 anos. Não era um desastre, mas não levava muito jeito. Tive a honra de ter uma banda com o Nando Reis, que se chamava Os Camarões. Nessa época o Marcelo Fromer, o Branco Melo e o Tony Beloto eram o Trio Mamão", ele ri, lembrando dos tempos de colégio. "Foi uma coisa de adolescência. Eu estudei com eles no Colégio Equipe. Foi uma adolescência toda voltada a cultura. Com o tempo fui percebendo que não ia dar certo na música e fui fazer outra coisa."
O Trip Fm vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz