Camilla Porto, que se dedica à escalada, fala sobre o esporte e dá dicas de onde praticar
Quando você pensa em alguém escalando, mesmo sem ser na modalidade boulder, que consiste em se aventurar em rochas menores sem equipamentos de segurança, provavelmente considera um esporte para poucos. Mas Camilla Porto, carioca que venceu a segunda etapa do Estadual de Boulder do Rio de Janeiro 2009 no começo do mês, discorda: “Qualquer um pode escalar, até porque existem diversas modalidades de escalada”.
E não pense que Camilla é uma profissional, que vive de escalada. Estudante de publicidade e propaganda, ela trabalha com produção de vídeos. Mesmo assim, treina escalada três vezes por semana e escala rochas nas horas vagas. Ser uma atleta profissional seria um sonho, mas por enquanto um pouco longe de ser realizado: “O César Grosso, que é um dos melhores escaladores do Brasil, teve que vender rifas para pagar passagem para ir ao Mundial”.
Além de desabafar sobre o conhecido problema de falta de incentivos para atletas no país, Camilla explica a diferença entre rappel e escalada, fala das sensações de escalar e dá dicas de lugares que valem a pena para praticar.
Como você começou a se interessar por escalada?
Desde pequena praticava muitos esportes. Comecei no motocross, aos 6 anos de idade. Competia somente com meninos e mesmo assim fui bicampeã carioca na categoria 50CC. Meu pai sempre foi meu maior incentivador, me levava para correr de moto o Brasil todo... aí, com 12 anos conheci a escalada, através dele, e não parei mais... Meu aniversário de 12 anos foi comemorado fazendo o Cepi, uma via toda em cabo de aço, numa das faces mais inclinada no Pão de Açúcar.
O que seus amigos acharam quando você começou escalar?
Meus amigos que não escalam viviam, e ainda vivem, me pedindo pra levá-los pra escalar. Até hoje acho que eles não entendem muito bem como é a escalada. As pessoas ainda confundem escalada com rappel.
E qual é a diferença entre o rappel e a escalada?
Geralmente quem pratica rappel não escala nem entende muito do assunto: chega ao topo de alguma pedra por uma trilha, arma a corda para descer e só. Rappel nada mais é do que prender o equipamento na corda e descer, não envolve escalada nem muito esforço.
Como é fazer um esporte pouco reconhecido no Brasil? Você enfrenta muitas dificuldades para praticar?
O Brasil é um país com lugares absolutamente fantásticos para escalar, tem rochas tão lindas quanto as gringas, e o Rio de Janeiro é um dos maiores centros de escalada urbana no mundo, mas viver da escalada no Brasil ainda é uma utopia, são poucos os que conseguem... faltam empresas interessadas em investir. Os campeonatos só continuam acontecendo porque as pessoas se mobilizam gratuitamente para organizá-los. O Cesinha, César Grosso, um dos melhores escaladores do Brasil, teve que vender rifas para pagar passagem para ir ao Mundial.
Você prefere escalar em rochas ou em muros?
Prefiro escalar em rocha, embora eu goste muito de escalar em muro. Talvez se tivéssemos um muro como o da Casa de Pedra, em São Paulo, eu gostasse igual. No Rio de Janeiro só existe um muro de escalada, o Limite Vertical, que já está ficando pequeno para a quantidade de pessoas. É um muro muito bom para encontrar os amigos e fazer social, porém está faltando um muro de treinamento, para as pessoas que levam a sério o esporte.
Acho a escalada um dos esportes mais completos. Trabalha o corpo e a mente, envolve concentração, disciplina e força de vontade, além de liberar uma adrenalina viciante!
Você acha que existe um perfil de quem pode fazer escalada?
Não. Qualquer um pode escalar, até porque existem diversas modalidades de escalada, para todos os gostos!
Quais são seus hobbies?
Ultimamente eu tenho viajado bastante para escalar, tenho ido a festivais no Brasil inteiro, conhecido pessoas novas. A maioria dos meus amigos escala também, então os hobbies sempre ficam relacionados à escalada, fazemos festinhas, vamos a barzinhos.
Quais são seus próximos planos na escalada?
Tirei 15 dias de férias agora no fim do mês e estou indo no fim de semana para o Ouroboulder, festival de escalada em Ouro Preto, e depois já vou para Cocalzinho de Goiás, em Brasília, com o meu namorado – que também é escalador, óbvio! Ainda não conheço o point, mas dizem que é um dos melhores do Brasil em boulder.
Quer escalar?
Para quem quer começar, Camilla indica centros de treinamento com muros em São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói:
Centro de Escalada Limite Vertical
R. Bambina, 141, Botafogo, Rio de Janeiro
De segunda a sexta, das 17h às 23h, exceto em feriados
Tel.: (21) 2246-9059
www.celimitevertical.com
Ginásio Casa de Pedra
R. Venâncio Aires, 31, Água Branca, São Paulo
De segunda a quinta, das 16h às 23h; sábados, domingos e feriados das 14h às 20h
Tel.: (11) 3875-1521
www.casadepedra.com.br
Escalada Indoor Icaraí
R. Fagundes Varela, 637, Icaraí, Niterói
De segunda a sexta das 17h às 23h
Tel.: (21) 2117-5333 ramal 20
www.yuri.com.br/icarai
