Riodejaneiriando

por Ana Manfrinatto


Mesmo nublado, o Rio de Janeiro continua sendo

“Atenção tripulação, preparar para o pouso. Rio de Janeiro, 22 graus”.

Quem vem turistar em Buenos Aires acha a cidade o máximo e quase sempre quer voltar. Pelo menos é o que eu ouço cada vez que conto que moro aqui. E se eu moro aqui é porque eu também acho a mesma coisa, mas, cá entre nós: sabe o que é sair daqui congelando num frio de 2 graus depois de uma semana punk hardcore e ouvir a frase daí de cima? É a glória!

E embora nosso feriadinho não tenha sido de 40 graus porque lá também fazia frio e chovia e, embora eu tivesse matado as saudades de arroz com feijão e tubaína há pouco tempo, é sempre bom constatar que o Rio de Janeiro continua sendo.

Da série “o que eu vi de mais bacana”, tá aqui a minha lista:

O fenomenal Coletivo Rádio Cipó

Coletivo Rádio Cipó
Vi o show desses caras no espaço Oi Ipanema (lindo e novinho em folha) e foi do c******.  Era uma mistura de hip hop com samba, carimbó e afins made in Belém do Pará digníssima de nota e lugar no setlist. Destaque para a presença de Otto. Destaque total para a presença do Mestre Laurentino, um senhor de 85 anos, nenhum dente na boca, camisa dourada, anéis em todos os dedos e muitíssima ginga e suíngue pra cantar o seu hit no qual ele dizia ter troucado a loirinha americana pela morena brasileira. E destaque especialíssimo pra Dona Onete, uma senhora de 73 anos com um vozeirão danado e sensualidade que não acaba mais. Fez com que todo mundo levantasse da cadeira, não tinha outra.


O ateliê/loja do Getúlio

Getúlio
Quem se embrenhar por Santa Teresa vai ver um bondinho amarelo cheio de bonequinhos, quadrinhos e esculturas pendurados embaixo de uma árvore. O autor desta obra de arte toda é Getúlio, quem junta sucata e cria histórias através dos seus objetos. Eu, que me achava a descoladona com inúmeros carnavais e feriados cariocas carimbados no cartão fidelidade da Itapemirim, não o conhecia. Uma vergonha.


Cúpula do Real Gabinete

Real Gabinete Português de Leitura
Taí outro lugar que eu não conhecia. E sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar. Fica ali no centro a poucas quadras do Teatro Municipal, da Biblioteca Nacional, da Cinelândia e de todo este roteiro. Espia só a definição do site: Pelo seu prestígio nos meios intelectuais, pela beleza arquitetônica do edifício da sua sede, pela importância do acervo bibliográfico e ainda pelas atividades que desenvolve, o Real Gabinete Português de Leitura é, a todos os títulos, uma instituição notável e que muito dignifica Portugal no Brasil. Um adendo: tem que conhecer!


Festa Phunk bombando no sábado passado

Festa Phunk
A dica unânime dos amigos cariocas e paulistas frequentadores da Dutra é esta festa que já existe há 9 anos e que no último sábado foi realizada na nova sede do Cordão do Bola Preta. O endereço é ótimo: Rua da Relação nº 3, na Lapa. Tava cheia pacas e mal dava pra andar mas mesmo assim valeu a pena dançar ao som de grooves nacionais e importados. Também rolam umas projeções bacanas e o galpão é lindo. Sem falar que a gente foi e voltou de busão no melhor estilo portenho – prova de que os amigos brasileiros estão MESMO acostumados a andar de carro. Ah, a foto da festa eu achei na internet e é do Silvio Arnaut.


IMG_4680

CCBB
Embora eu batesse cartão no de São Paulo, eu não conheci o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. É bem maior que o paulista e num edifício igual de imponente. Tá rolando uma exposição em comemoração aos 120 anos de nascimento da Anita Malfati e uma exposição de quadros de super heróis pintados pelo Ziraldo (como a Mulher Maravilha tirando onda com o Batman acima) além da programação de cinema e teatro.


E daí que tá nublado? A gente gosta mesmo assim!

Sempre ele, o mar
Ventava, fazia frio, a água estava tétrica e as pessoas estavam todas vestidas de calça jeans e casaco. Mas bastou o sol aparecer um pouquinho pra eu escapar só com a canga e um livro pra praia. A vendedora de biquínis até me perguntou “moça, você não tá com frio, não?”. Só um pouquinho. Mas não o suficiente pra não agradecer o barulho do mar, a sensação de estar com os pés na areia e lembrar que os cariocas, sim, é que vivem a vida. Mesmo que esteja nublado.

fechar