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Ricardo Pereira

O ator português Ricardo Pereira, o padeiro da novela das seis, bem à vontade em terras brasileiras

Ricardo Pereira

Por Karla Monteiro TPM #83

em 11 de março de 2009

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Da boquinha bem desenhada jorram palavras. Um discurso redondo, bem articulado, auto-explicativo. Só o que é correto é dito. Mas quem se importa? A paisagem é linda: olhos verdes, rosto másculo, voz aveludada, com o sotaque lisboeta já bem domado saltando aqui e acolá. Benza-o, Deus! Ricardo Pereira, o ator português da novela global das seis, Negócio da China, acreditem,dispensaria o palavreado. Tão bom exercitar a contemplação. Ele fala sério. Eu pratico o olhar.

“Acho que a vida tem que ter um pouco de tudo. Para existir equilíbrio. Não acho legal dizer: ‘Sou só assim’. Gosto de ir à praia, conversar com as pessoas, viajar, ler, namorar”, explica o moço bonito. “Não se pode ficar preso. Tem que ouvir, tem que se chocar, tem que se questionar a própria postura. O desafio é todos os dias ser surpreendido com uma matéria-prima, textos de novela, roteiros, coisas que sejam difíceis de superar. O sotaque é uma superação diária para um dia eu fazer o papel de um brasileiro. Você tem que mostrar versatilidade. Eu não sou só o menino galã”, garante.

Meio-dia, quinta-feira, estamos no Celeiro, na Dias Ferreira, uma rua do Leblon onde as celebridades circulam aos borbotões para depois reclamarem dos paparazzi. Ricardo pede um suco de laranja e conta que já pedalou até o Arpoador, jogou uma hora de frescobol e planeja uma tarde de frente para o mar lendo o livro Mafaldisses, crônicas de uma amiga da terrinha, Mafalda Ribeiro. No fim do dia, vai cozinhar. Depois quer pegar um cinema, ver Última Parada 174, filme de Bruno Barreto, um dos dois diretores com quem Ricardo adoraria trabalhar no Brasil. O outro é Walter Salles. O programa de fim de noite será encontrar os amigos. Alguns deles, diga-se. Ele tem muitos. E tomar um vinho.O rapaz diz entender do assunto.

“Eu sou o cara do bom vinho. Entendo bem. Chope, eu bebo um, dois e fico pesado. Gosto de vinho alentejano, argentino, chileno. Sou aquela pessoa que adora reunir pessoas, abrir uma garrafa”, diz. “Sou reservado, mas não tímido. Sou de falar, um comunicador. Se estiver surfando, converso com o cara do lado. No meu prédio, falo com o porteiro. Você não deve deixar de experimentar a vida. Na sexta estou com uma galera. No sábado, com outra. E no domingo, com uma que nem conheço.”

 

Tempo para tudo
Ricardo fala bastante. Mas nem uma piadinha, nem uma história pitoresca para contar, nem uma fofoquinha. Nada. Ele é mesmo um gajo filosófico. Nasceu em Lisboa, há 29 anos. “Venho de uma família numerosa. Só de primos diretos são 20 e poucos. Uma família normal, grande, feliz.” Aos 15 anos, começou a trabalhar como modelo, empurrado pela mãe, gerente de uma rede de lojas e ex-fotógrafa. Ricardo rodou. Trabalhou em Milão, Paris, Barcelona, Frankfurt, Londres. E caiu nas graças de fotógrafos como Mario Testino. Arrasou. “Foi bacana porque me deu uma abertura de cabeça. Portugal é um lugar que, quando se quer alcançar mais, tem que sair de lá para evoluir. O país que você nasce é o grande amor da sua vida. Mas viajar é bom para o aprendizado humano.”

A estréia no teatro infantil aconteceu aos 18 anos. “Meu primeiro contato com a profissão de ator foi numa oficina do grupo da escola. Pensei: ‘Quero fazer isso’.” De lá para cá, atuou em várias produções portuguesas. E, em 2002, fez um teste para uma novela brasileira, Esperança. Não foi escolhido, mas ficou na gaveta.“ Em 2004, fui chamado para ser o primeiro protagonista estrangeiro de uma novela brasileira, Como uma Onda. A partir do momento que botei os pés aqui, amei o Brasil, o Rio de Janeiro. Estou na quarta novela. Fiz um filme. Tenho aqui um mercado que é um sonho, que fala a minha língua. E continuo trabalhando na Europa, modelando. Não desgasto a imagem aqui, nem lá.”

Ricardo quer ficar mais tempo por aqui. E a gente vai poder continuar apreciando a paisagem. Mas confesso: uma hora de papo depois, eu já me cansei de praticar a contemplação. Arrisco três últimas perguntinhas mais insinuantes e levo na cara. Com o sotaque disfarçado, o português está bem encaixadinho na rua Dias Ferreira, onde celebridades saracoteiam lindas e não falam de vida pessoal.

 

 

Você é conquistador? O que você faz quando quer uma mulher?

O olhar é uma forma subjetiva e sincera de conquistar. Depois do olhar, se mexer muito, vou intuitivamente. Você faz qualquer coisa. Pode passar, puxar um papo. Eu não faço muito. Eu tive tempo para tudo na vida. Curti, namorei bastante, tive experiências curtas, outras longas. Experimentei muita coisa no amor para perceber o que quero e o que não quero. Acho que as pessoas não podem viver infelizes.

Qual foi a sua maior transgressão?
Tem momentos que fazem parte da nossa intimidade. Eu preciso da fronteira entre o que é público e o que é privado. É o segredo para manter o equilíbrio. Não posso sair de casa e todo mundo saber da minha vida. Sou muito sincero. Tenho uma educação que a minha família me deu. Sou formado como ser humano. Eu sou assim.

Você está namorando?
Estou.

Então, tá. A gente só quer mesmo apreciar.

ESTILO E PRODUÇÃO EDU ROLY ASSISTENTE CAMILA CACI MAQUIAGEM RITA FISCHER ASSISTENTE DE FOTO IÁFA CAC AGRADECIMENTO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO WWW.ICRJ.COM.BR Vai lá: Armadillo (21) 3547-6672; Armani Exchange (11) 3323-3525; V.ROM (11) 3083-5187

Assista ao making of deste ensaio:

[VIDEO]http://p.download.uol.com.br/trip/ricardotpm.flv|[/VIDEO]

 

 

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