Pode isso? Sim! Guiada pela cultura vintage a indústria tem se dedicado a juntar esses dois mundos
Existe uma frase célebre no mundo da tecnologia, do pesquisador e cientista Roy Amara, que diz: "Temos a tendência de superestimar novas tecnologias a curto prazo e de subestimar os seus efeitos a longo prazo". É a mais pura verdade. Acreditamos piamente que o novo é sempre melhor e que, consequentemente, o velho deixa de caber em nossas vidas. O mercado da tecnologia e a cultura da inovação difundiram esse pensamento a seu favor, e, de forma mais pública do que disfarçada, criaram o termo "obsolescência programada". Ou seja, os dispositivos que compramos já vêm com um prazo de validade e, de preferência, são feitos para durar até os próximos lançamentos.
Obviamente, cada geração lida com essas mudanças de forma diferente, mas, na contramão do mercado, marcas começaram a notar uma tendência nas gerações mais novas, o culto às origens analógicas. Mas se os nossos smartphones condensaram em um só lugar nosso telefone fixo, rádio-relógio, câmera fotográfica, walkman, calculadora, GPS, controle remoto, consoles de videogame e, por que não, até a nossa carteira, para que separar tudo isso e voltar no tempo? Como se manter concentrado é um artigo de luxo na era da hiperconectividade, os equipamentos de uma só função nos ajudam com isso. Dessa levada, centenas de dispositivos do passado foram ressignificados em forma de produtos-desejo. Velhos conhecidos com novas carcaças e funcionalidades: o mercado da nostalgia tecnológica cresce a cada ano.
Hanx Writer
O ator Tom Hanks criou um aplicativo gratuito para iPad que imita uma máquina de escrever, inclusive os sons e com animações que evocam o movimento de colocar um papel na máquina e rodar a bobina. A tecla de backspace, que apaga o que já foi digitado, funciona normalmente, mas é possível desabilitar a função e, como nos velhos tempos, digitar XXXX em cima dos erros. O app ficou no topo da App Store durante um bom tempo.
Moleskine moderninho
O Moleskine, criado no final do século 19, foi um hit na turminha de Picasso e Matisse. A fábrica fechou com a morte do dono no final da década de 80, mas a marca voltou repaginada décadas depois. Desde o seu glorioso retorno, o caderninho não perdeu as características originais, e ainda criou parcerias interessantes, como com o software Evernote. A nova versão oferece adesivos de hashtags que permitem o arquivamento organizado do conteúdo no caderninho. Quando se digitaliza as páginas com esses adesivos é possível compartilhar os escritos nas redes sociais e, acredite, fazer uma busca por palavras escritas à mão no Moleskine. É o charme do papel conectado com a praticidade digital.
Hemingwrite
Uma máquina de escrever minimalista, portátil e digital que promete devolver a concentração a quem escreve. É uma mistura bem querida entre o novo e o velho: você digita em um teclado mecânico que digitaliza imediatamente o texto em uma tela simples de "papel eletrônico", como dos leitores de e-book. O documento é armazenado direto na nuvem. Sem e-mail, Facebook, Safari ou mensagens, a Hemingwrite faz UMA só coisa, e muito bem: mantém o seu foco.
Diana Assenato e Natasha Madov, jornalistas e geeks assumidas, são criadoras do blog Ada.vc, onde falam sobre tecnologia, internet e cultura digital com um olhar feminino