Com duas mulheres pré-candidatas à presidência do Brasil, nossas filhas podem chegar lá
Filha, olha que legal. Pela primeira vez, é bem possível que uma mulher chegue à presidência do Brasil. Isso é muita coisa. O Brasil sempre foi um dos piores países em representação feminina nos cargos políticos. Se pensar que eu nasci no meio de uma ditadura militar, as coisas estão melhorando. Mas também não dá pra achar que só por ser mulher uma pessoa vai ser melhor presidente do que outra. É preciso ver os programas, as alianças, o passado, as entrevistas.
Se você, minha filha, quiser se candidatar à presidência do Brasil, prepare-se para os anacrônicos que farão perguntas sem noção. Como se você fosse uma ex-BBB no spa da ilha de uma revista de famosos, vão querer saber sobre a sua vida pessoal e afetiva, se você é romântica, se vai ao cabeleireiro e à manicure com frequência, se cuida bem dos seus filhos e netos. Vão implicar se você for vaidosa, mas também não vão achar bom se você optar por um modelo básico e sóbrio para o trabalho. Vão reparar no seu novo parceiro, na cor do seu cabelo, se você fez plástica, dieta ou se não liga pra nada isso. É possível até que façam um ranking pra ver qual das candidatas é a mais – ou menos – atraente. Assim, do ponto de vista sexual mesmo. Podem ainda dizer que você é candidata principalmente por ser mulher, não por seus méritos. Enfim, provavelmente vão ver primeiro sua aparência e condição de mulher e depois o que tem a propor ao país. Mas pode ser que eu esteja errada, minha filha. Quando você crescer, as coisas podem ter mudado. Aliás, é o que espero.