Mara Gabrilli fala do que viu ao fazer campanha eleitoral, suas críticas e certezas
Esta é a terceira vez que faço campanha política e tenho a oportunidade de contar meu trajeto e minhas emoções.
Concorrendo a deputada federal tive o privilégio de percorrer o ABC, onde morei a maior parte da vida, o interior e o litoral do Estado de São Paulo. Pude conhecer a dedicação de várias instituições e ainda perceber que os nossos projetos estão sendo reconhecidos muito além da cidade de São Paulo. Passei por lugares que trouxeram muitas razões para eu continuar fazendo meu trabalho. Pude perceber que 99,99% das pessoas que falo acreditam que nós brasileiros podemos melhorar e que todos podem fazer parte disso.
Sair divulgando uma causa, alertando a população sobre a exclusão histórica a que as pessoas com deficiência foram submetidas vicia! Ainda deparei com essa atitude crescendo na minha equipe. Estamos viciados em propagar e multiplicar a política do bem.
Estamos numa época em que se fala bastante em acessibilidade, inclusão das pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e situação de vulnerabilidade social. Ouvimos ecoar que é promissor somar para criar forças e incluir os que vivem à margem da sociedade. Mas, quando ligamos a televisão e assistimos ao horário eleitoral gratuito, percebemos que faltam atitudes para dar vida ao discurso. A população de 5,7 milhões de surdos e deficientes auditivos ficou subtraída do direito de exercer cidadania, por não terem acesso às propostas dos candidatos devido à ausência de um intérprete da língua brasileira de sinais (libras). E de nada adianta aquela legenda na velocidade em que é disponibilizada, pois os surdos não dominam o português.
Algumas propagandas até dizem que o maior exercício de cidadania se dá através do voto. E como votar sem conhecer as opções?
A minha propaganda é a única que tem esse recurso, pois levo um intérprete para todos os lugares em que vou e me recusei a gravar a propaganda sem ele.
Nós temos escolha
Foi ingressando na vida política que entendi o quanto a escolha de um candidato interfere na vida de todos nós.
Cada vez mais percebo a importância de circular entre santinhos e papéis em busca de gente que nos confira mais do que um voto, mas que corrobore com um ideal e anseios da alma. A democracia está aí para enaltecermos, e ela se faz com voto, com escolha. Nós temos escolha!
Ainda acredito que chegará a hora em que o povo irá se opor a uma condição de vida estagnada, à fala vazia, à imagem construída às custas de programas oportunistas e eleitoreiros.
Sou o exemplo mais que ilustrativo de que sozinha não se faz nada. Portanto, dedico esta coluna a minha preciosa equipe e a todos aqueles que mais e mais acreditam nessa história de sucesso.
Mara Gabrilli, 42 anos, é publicitária, psicóloga e vereadora por São Paulo. Fundou a ONG Projeto Próximo Passo (PPP), é tetraplégica e foi eleita deputada federal pelo PSDB. Seu e-mail: maragabrilli@camara.sp.gov.br