Chora. Pode chorar. Encosta aqui sua cabecinha no meu ombro e chora mesmo!
Isso é mais do que um texto. É um certo tipo de manifesto, já que muita gente por aí acha que chorar no trabalho é uma das piores coisas que uma pessoa pode fazer na firma. Eu discordo. Acho que há coisas muito, muito piores. Mas deixemos as baixezas pra lá...
Chorar no trabalho é a prova de que somos humanos (aquele com telencéfalo desenvolvido e polegar opositor), que somos animais como qualquer outro e que, mesmo hiperdomesticados, às vezes temos nossos dias de selvagens. Dias inexplicáveis que podem ter a ver com a lua. Vai saber...
Como essa semana é a de ressaca pós-lua cheia, é bem provável que se aplique também às pessoas nas quais a água salgada brota dos olhos com facilidade a denominação "minguante". Não chama assim por acaso, né? Mas, enfim, sendo pura fraqueza ou efeito da lua, às vezes entramos nessa semana e... não adianta correr para o banheiro, usar óculos escuros, soltar o cabelo, passar batom, colocar o fone de ouvido (mesmo que mudo) só pra ninguém se aproximar... nada esconde a cara de uma pessoa que adentrou a semana oficial do choro.
A gente bem que tenta engolir o “iningolível”, disfaçar olhando fixo para a tela do computador com a cabeça baixa – como se na frente estivesse o mais importante texto do mundo, mas na verdade são apenas as últimas notícias do bbb. E quanto mais você tenta segurar as lágrimas em silêncio, mais elas se proliferam. Em pouco minutos a aguá salgada está caindo no teclado e mesmo que seja um choro mudo, se a coisa for séria, é bem capaz do nariz ser tomado por aquela coriza incontrolável...
Não entre em pânico! Nesse momento o melhor é aceitar a própria condição e levantar a plaquinha: Chorona, sim e daí?! Quem sabe,até outros chorões não se identificarão com você e se aproximarão para um abraço? Aceite. É o mundo selvagem, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Assim, talvez, você consiga se conter antes de chegar no último (e esse sim degradante) estágio da semana oficial do choro, quando os soluços começam a entrecortar as frases e alguém de outro departamento aparece para lhe oferecer um copo d´água com açúcar.