O passar dos domingos, dos filhos, dos vinhos

por Lia Bock

Você faz falta e eu te quero de volta

Eu menti. Não era verdade que o que fosse melhor pra você seria melhor pra mim também. Você faz falta e eu te quero de volta. O aconchego do seu abraço, o cheiro do teu tempero pela casa e a tua capacidade de ver sempre o lado bom. Espio você de longe, disfarço a voz quando vez ou outra no topamos pelo telefone. No meu sonho você partiria pra brilhar por outras bandas e eu seguiria igualmente brilhante por aqui. Mas no virar do calendário está tudo bem mais opaco.

Claro que eu penso em largar tudo e me desbarrancar ao seu encontro. Mas pra que? Parcas noites não fariam com que você voltasse pra minha cozinha, pro meu tatame, pra uma terça-feira qualquer. Tô de ombros caídos e depilação por fazer. Tô com aquela roupa que você detesta. Do alto do meu egoísmo só penso que algo poderia acontecer pra você despencar na minha vida de vez. Leio a Susan Miller torcendo para que esteja ali o seu retorno triunfante.

Lembra de quando te pedi em casamento ao pé do ouvido? Voltei aquela foto do nosso abraço pra geladeira.

Tentei viver sem você, juro. Depois tentei fingir que era possível viver sem você, mas também falhei. Hoje choro sua partida num egoísmo terrível me perguntando, “onde foi que eu errei?”, como se tudo dependesse apenas de mim.

Amanhã fará sol e estarei melhor, tenha certeza. Mas hoje, de cabeça baixa e boca fechada só o que posso dizer é “volta amiga!”, tá duro assistir o passar dos domingos, dos filhos e dos vinhos com essa distância toda.

 

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