Mulheres que caem

por Lia Bock

Não adianta colocar a culpa no sapato, no drinque ou na calçada...

Não adianta colocar a culpa no sapato, no drinque ou na calçada...

Tá linda e loira tomando um sorvete no calçadão. Sol no rosto e a cor do verão provocando os que cruzam seu caminho. No iPod toca “Dancing with myself” por Nouvelle Vague. Está prestes a ser um tapa na cara daquelas que vivem de dieta, quando a loira, o sorvete, o iPod, o Nouvelle Vague e tudo que estava na bolsa se espatifam numa queda sem precedentes. Ah... as mulheres que caem! Caem da escada de casa, da bicicleta, enquanto brincam com o gato, caem na pista, na frente da sala do chefe enquanto acenam aquele oi milimetricamente pensado. E com elas caem o telefone, a taça que foi da avó, a bandeja com coxinhas, a papelada, a comida do cachorro e, o pior de tudo, cai a dignidade! A saia sobe, a blusa denuncia a lingerie chocolate que deveria passar desapercebida, a meia-calça rasga à la Cortney Love e começam a juntar as pessoas que vêm sempre (sempre!) com a mesma frase: coitada, machucou? E depois, até que a pele se recupere, vêm as perguntas: “Nossa, você caiu?” “Como foi que fez isso?” “Se cortou?”. Até dá vontade de dizer “sexo selvagem sempre acaba comigo”. Mas para as mulheres que caem... haja sexo! Essa não cola mais. Isso quando o namorado não encana: “Tá muito suspeito esse seu hematoma novo”. E toca a recapitular: “Amor, esse é aquele do calçadão...”. E são tantos tropeções, topadas e voos não programados que a memória chega a falhar, mas o hematoma está lá para mostrar que, sim, alguma coisa aconteceu, mesmo que o dry martini não te deixe lembrar. É preciso compreender, algumas mulheres cozinham, outras têm o intestino preso. Algumas fazem balé, outras usam perfume doce e algumas, bem... algumas mulheres caem!

O que nos resta? “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”

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