Monster High x Barbie

por Nina Lemos
Tpm #135

Bonecas no divã: a historiadora Mary del Priore compara a Barbie à Monster High

A historiadora Mary del Priore compara o corpo da Barbie ao de bonecas como as da série Monster High, atual febre entre as meninas. Conclusão: pelo menos no quesito emancipação, as tais monstrinhas saem ganhando

A mania do momento entre as crianças do mundo é a série Monster High, que mostra uma turma de monstrinhas descoladas, de cabelos coloridos e roupas meio punk. As bonecas da série não são tão penteadas e arrumadinhas como a Barbie –, uma vantagem – mas, por outro lado, são bem mais magras. Praticamente cadáveres.

Tudo bem que elas são monstras. Mas bonecas, todo mundo sabe, servem de modelos no imaginário das meninas. Quem cresce brincando de Barbie pode querer ser um pouco Barbie quando crescer, diz a historiadora Mary del Priore, uma severa crítica do mundo cor-de-rosa dessa que é uma espécie de rainha entre as bonecas. “A Barbie vem com toda uma fantasia de consumo, de meninas-objeto, que só querem comprar e estar lindas para um homem”, diz a historiadora, que já posou para a Tpm arrancando a cabeça de uma Barbie. Segundo ela, pelo menos no quesito bonecas, a humanidade avançou.

“As bonecas do Monster High são outra coisa, não estão ligadas ao consumo. Cada monstra é uma rebelde, tem os cabelos coloridos, roupas estranhas, está muito mais ligada ao modelo da mulher atual”, ela diz. Na visão da historiadora, as novas personagens seriam “desbravadoras urbanas”. Mas e o corpo esquelético, mais magro até que o da Barbie? “Ela são esqueléticas, mas não têm aquele peitão. São andróginas, o que é muito legal, porque é isso que vai ser o futuro dessas crianças, menos ligadas a um gênero só. Um dia elas podem ser meninas, no outro, meninos.”

Nós, que somos da época da Susi, ficamos pensando onde ela entra nessa história toda. “A Susi segue o mesmo padrão da Barbie. Ela é uma tia pobre da Barbie”, brinca Mary. Por ser mais antiga, nossa conclusão é a de que ela era “uma Barbie sem botox”: quando a Susi surgiu, nos anos 70, ainda não havia tantos recursos estéticos no mundo. Ela também é menos magra, já que o padrão estético da época não era tão anoréxico assim. Mas nada que livre a cara da boneca. “Ela também é uma consumista, uma mulher-objeto”, teoriza Mary. “Só tem alguns microcentímetros a mais porque esse era o padrão da época.”

Bonecas mais loucas, como a Bratz (sucesso nos anos 2000), seguem mais o modelo Monster High. 
São como duas turmas que são como amigas. E inimigas da Barbie, da Susi e das atuais princesas da Disney. Sim, vocês já notaram que a Cinderela está cada dia mais magra e parece uma irmã da Barbie? Concordamos com a 
historiadora: mais vale ser uma magra atlética que quer dominar o mundo do que uma peituda que quer agradar um homem vestida de rosa. Ande ela em um carro rosa ou em uma carruagem... Qual é a diferença?

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