por Diogo Rodriguez

A velejadora Martine Grael, 18 anos, mostra que talento para o esporte é coisa de família

Filha de um dos maiores atletas da história do Brasil, a velejadora Martine Grael, 18, parece seguir o mesmo caminho vitorioso do pai, o  também velejador Torben Grael – cinco vezes medalhista olímpico e seis vezes campeão mundial. Na classe 420 (barco de dupla),  foi campeã do mundial da Juventude em 2009 e brasileira em 2008; na classe Optimist, ganhou o título nacional em 2004 e 2006.

Martine começou a competir aos 9 anos, em 2001, e diz que já está acostumada à pressão. Recém profissionalizada, ela se prepara para disputar o mundial ao lado de sua nova colega de barco, Isabel Swan (medalhista de bronze nas Olimpíadas de Pequim, em 2008). Tentando conciliar a faculdade de engenharia ambiental e os treinos, a carioca conversou com a Tpm pelo telefone. Falou sobre as dificuldades de conseguir patrocínio, sobre a pressão de ser uma atleta profissional e contou como faz para cuidar da pele e do cabelo.

Como você começou a tomar gosto por velejar?
Eu praticamente já nasci [velejando]. Minha mãe levava  a gente para passear. Eu gostava muito. Comecei a competir com nove anos, sempre com os amigos. Tomei muito gosto. Ficar sem velejar é muito difícil para mim hoje em dia.

Qual foi o maior tempo que você ficou sem velejar?
Na época do vestibular, uns dois meses.

Como é a rotina de treinos? Dá para levar a faculdade junto?
É bem difícil. Agora estou fazendo uma matéria só porque estamos “correndo” muitos campeonatos. No semestre passado, fiz cinco matérias. Treinava de manhã e aula à noite.

Seu pai ficava te pilhando para você também ser velejadora?
Nunca pilhou. Ele me incentivou a curtir, mostrar o quanto bonito é o esporte. Nunca me forçou. 

 

Você está fazendo faculdade porque quer seguir na profissão?
Eu gostaria de exercer, mas dentro possível. Se eu tiver que escolher, vou continuar velejando. Mas vou com certeza querer concluir meu curso.

Como você se prepara para as competições?
Faço preparação física, treino aeróbico. Não é tão pesado como o treino de um maratonista. A gente só não pode ficar parado. Faço treino aeróbico e musculação, bicicleta, alongamento.

É difícil lidar com a pressão da competição desde cedo?
Comecei na classe Optimist, que não tem muita pressão. Toda competição tem uma expectativa, mas acho que é mais fácil porque estou acostumada desde pequena. A pressão vem mais agora que velejo profissionalmente. Antes, eu era amadora. Agora é meu trabalho, tem pressão para conseguir resultado, mas tem que medir, senão atrapalha.

Você passa muito tempo perto da água do mar? Que cuidados de beleza tem com a pele e o cabelo?
É muito difícil, meu cabelo é todo quebrado e minha mão, cheia de calos. O mínimo é passar filtro solar, passo muito tempo no sol. Se não cuidar da pele. Passo um filtro solar com fator alto. No cabelo, de vez em quando, vai um creminho, tento fazer uma hidratação de vez em quando, mas é difícil, não tenho muito tempo. Se eu fizer a unha, em um dia já sai.

Quando você ainda estava na escola, teve que viajar muito para competir?
Na escola menos. Agora viajo mais. Na época, viajava duas vezes por ano, no campeonato brasileiro e eventualmente, algum camponato fora, conforme eu me classificasse nas seletivas nacionais.

É muito difícil conseguir patrocínio?
Agora com a Olimpíada [no Rio de Janeiro, em 2016], é um pouco mais fácil. Mesmo assim, é muito difícil. Eu estou com a Isabel, que é medalhista olímpica e isso ajudou muito, mas para as outras pessoas é muito difícil.

O que há de diferente entre a sua e a vida e das suas colegas de escola e faculdade?
Mais pela experiência de vida. Tive oportunidade de conhecer outras culturas, outros lugares, de praticar mais esporte. Tive que cozinhar em casa, organizei viagens – tem uma logísitica muito grande. Acho que você aprende a lidar com coisas da vida que minhas amigas vão aprender mais tarde. Não que elas não saibam nada, mas eu tive a oportunidade de conhecer as coisas antes.

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