por Ariane Abdallah
Tpm #85

Descubra quem é a mais polêmica apresentadora da TV

Ela tem fama de burra, de golpista e comanda um programa taxado de “bagaceiro”. Mas é assistida diariamente por milhões de brasileiros, nunca tomou um processo nem mostrou sua casa em revistas. Pela primeira vez, Luciana Gimenez baixa a guarda e abre a sala, o quarto e o banheiro – além do estúdio do Su­per­Pop – para a Tpm. Esqueça tudo o que já ouviu falar sobre a mãe do caçula do Mick Jagger e tire suas conclusões

Você pode estar se perguntando o que Luciana Gi­­menez faz na Tpm. Por que daríamos voz à mu­­lher considerada burra por cometer erros de por­tuguês, aquela que “deu o golpe” em Mick Jagger e em um dos donos da emissora em que tra­ba­­lha? Dei­xa­mos o diz que diz às mídias es­pecia­li­za­das e passamos três dias na cola dela para descobrir quem é, de fato, a apresentadora do SuperPop – a única do Brasil a segurar, há oito anos, um programa qua­­­tro vezes por semana, ao vivo, no ho­rário nobre da TV aberta e um dos maiores faturamentos da Re­de­TV!. Ela topou. E não fez restri­ções – nem na hora do banho.
Às 10 horas de uma quarta-feira, cheguei a Al­pha­­vil­le (SP), na casa que ela divide com Marcelo de Car­­va­­­lho e Lu­cas Jagger. Encontrei a paulistana, de 38 anos, com cara de sono e de pijama. O cabelo, despenteado, estava preso por um frufru que parecia feito dos pelos dos três ca­chor­ros e dos quatro gatos, todos bran­­­­cos, que habitam a casa. Na tela do computador, seu filho, de 9 anos, aparece de ócu­­los escuros e com a língua para fora. Luciana nun­­­ca divulgou essa foto nem as que decoram o quarto do garoto, em que Mick Jagger sorri ao lado dela e de Lu­cas – que tem a boca do pai.

Filha da atriz Vera Gimenez e enteada de Jece Va­la­dão (rei das pornochanchadas), Luciana faz ques­tão de colocar o filho para dormir antes de ir trabalhar. Fe­cha a porta do quarto e só sai de lá quando o pequeno embala no sono. Além desse cômodo, da suíte do ca­sal e de dois closets lotados, Luciana tem um quar­to só seu, cheio de livros – de romances água com açúcar em inglês a Quando Nietzsche Chorou (de Irvin D. Yalom): “Leio várias coisas ao mesmo tempo”, garante ela, pingando de su­or du­rante a aula particular de astanga ioga – que pratica há seis anos e que mudou sua vida. “Antes da ioga ela era explosiva”, re­vela Benê, cozinheira que já comandou as panelas de Lu­cilia Di­niz e de Celita Procópio de Carvalho (dona da Faap), até come­çar a servir legumes orgânicos para Luciana, há sete anos.

Pronto, falei
Apesar de seu 1,81 metro e do jeito “pron­to, fa­lei”, os 12 fun­­cionários de sua casa e outros da Rede­­TV! garantem que Lu­cia­na não dá chiliques. “Ela não é de gritar. Dá bron­ca, mas com jei­to”, conta Fabiano, assistente pessoal da apresentadora.

Ela usa com frequência a palavra “integridade”, não faz parte do time de celebridades que termina e reata namoros em revistas, desistiu de ser médica por não gostar de estudar e adora assistir ao canal a cabo Animal Planet. Além de atrações como mu­­lheres-frutas, atrizes pornôs e desfiles de lingerie, Luciana já recebeu Geraldo Alckmin, Washington Olivetto e o próprio Mick Jag­ger no SuperPop, assistido diariamente por cerca de 250 mil pessoas (só na Grande São Paulo), das quais 60% são de clas­ses A e B, segundo o Ibope. E nunca sofreu um processo na Justiça.

Esta entrevista começou na hora em que ela tomava banho. “Vem cá”, gritou. Sentei, então, na tampa do vaso e a vi ti­rar xampu do cabelo ao mesmo tempo que contava o que pensa. Quatro ho­ras depois, já sentadas em sua cama, ela interrompia o papo pa­ra beijar suas cachorras na boca. Misturando inglês com portu­guês depois de morar 15 anos fora do Brasil, Lu­ciana fala de di­nhei­­ro, qualidade de seu programa, Mick Jagger e sobre como vi­ve em paz apesar de tanta gente ser paga para pensar... na vida dela.

Tpm. Por que te chamam de burra?
Luciana Gimenez. Não chamam mais, hein? A mídia brincou: “A Luciana não fa­la português, é burra”. Eu mudei do Brasil com 16 anos e perdi a fluência. Passei 15 anos falando inglês, francês [italiano, espanhol e alemão, quando era modelo na Eu­ropa e nos Estados Unidos]. As pessoas “jo­garam pedra na Geni”, hoje se sentem cul­padas e têm um carinho extra por mim. Ima­­­gina, você pichou um negócio, aí um dia assiste e fala: “Putz, é legal”.

Em 2004, você falou: “Não sou paga para pensar”, du­ran­te um debate no programa. O que quis di­zer? Estou no programa pa­­­ra re­tra­tar a vida dos outros, não para pen­­­­­sar e dar opi­­nião. Eu de­via ter di­to: “Não sou paga para dar opinião”. Por­que sou o quê? Guru do mun­­do? Te­­­nho opi­­­­­nião sobre tudo, só que aqui, com mi­­nhas amigas. O pro­grama não é mi­­nha ca­sa.

O SuperPop é um programa de baixaria?
Não. É de conflito social [risos].

Qual a linha que divide a baixaria do con­fli­­to social?É a que o povo quer assistir, é TV aberta. As pessoas falam: “É ba­ga­cei­ro”. E daí? Olha, eu conheço gente chique no mundo inteiro. Princesa, xei­que, artistas... To­dos têm um la­do ba­ga­ceiro. Se não der Ibope, me ti­ram do ar. Mas, por exemplo, o diretor queria trazer o [jornalista esportivo Jor­ge] Ka­­ju­ru. Eu dis­se: “Não”.

Por quê? O cara saiu da RedeTV! [em 2002], e um dia o vi dizendo que “a Lu­ci­a­na trata to­do mundo mal na e­mis­so­ra”, num programa de TV. Fiquei puta. Só pro­cessei duas pessoas na vi­da: ele e uma fo­tógrafa que tirou foto do meu filho e pu­blicou sem autorização. Eu nun­ca briguei com nin­guém na RedeTV! e ganhei o pro­cesso. A­go­­­ra ele publicou em si­tes que quer aumentar o pênis [risos]. Achei engraçado, mas não vou trazê-lo ao programa. Meu diretor fala: “Mas dá Ibope”. Não quero sa­­ber de Ibope às minhas custas.

 

Você tem vontade de fazer outro tipo de en­trevista? Eu faço. Fiz Col­lor, Britney Spears, Bryan Adams, Mi­ck Jagger, Marta Suplicy. A gente vai de A a Z. Fiz programas sobre parto na á­gua, HPV, cân­cer de mama. Mas essas coisas não dão Ibope.

 

As classes A e B são 60% do seu público, né? É. As pessoas falam: “Eu estava zapeando”. Não, estava assistindo! Qual o pro­ble­ma?

Fiquei ao lado do diretor, Marcelo Nas­ci­men­to, durante o Su­per­­­Pop e vi que você re­pe­­te al­gumas coi­sas que ele fala pelo pon­­to... Trabalhamos em conjunto, mas na mai­o­­ria das vezes eu que digo, não gosto que fale muito. Se é uma entrevista séria, tenho uma linha de pensamento. Quan­­do é corri­quei­ra, ele dá ótimas ide­i­as. Meu ma­rido às vezes liga: “Fala para ela perguntar isso”. Nor­­malmente acato, é ele que paga o sa­lá­rio de todo mun­do [risos].

Em 2008, quando a garota Isabella foi jogada do apartamento do pai, vocês passa­ram uma semana explorando essa histó­ria. Com que objetivo? Gosto de casos de assassinato. Estou sempre em bus­ca da ver­dade, seria uma ótima investigadora.

Achava que poderia descobrir coisas que nem a polícia havia descoberto? Acho que a curiosidade é poderosa. Como uma pessoa tem coragem de matar? E deu I­bope.

Explorar o assunto não piora o sofrimento da família? Piorar o que, se jogaram a me­nina da janela? E a mãe deu uma entrevista para o Fantástico... Mas também teve coi­sas físicas, que aconteceram com a me­ni­na, que não expus.

Já aconteceu de, na hora de entrar no ar, vo­­cê dizer: “Me recuso a falar isso”? Já. Na época em que o Lucas era menor, eu não ti­­nha tempo de ver as pautas. Ago­­ra sei com antecedência o que vai entrar. Mas uma vez cheguei e o pessoal da produção falou: “A gente vai falar da ce­lu­lite de fulana”. Queriam que eu apontas­se a celu­li­te. Eu falei: “Não vou fazer isso”. Sou mu­lher, imagina se fizes­sem isso comigo?

Mas essa segurança você conquistou? Essa segurança veio quando passei a ter o cora­ção no programa. Uma vez, eu estava en­tre­vis­­tan­do a mãe da modelo [Ana Caroli­na Res­ton, em 2006] que disseram que mor­reu de ano­rexia. Ela estava cho­ran­do. De re­­pen­te, o Marcelo fa­lou: “Vai pro ‘merchan’”. A me­ni­na tinha acabado de morrer e eu ia falar para as pessoas faze­rem die­ta? Fi­quei atônita. “Não posso fa­zer isso.” O diretor falando pelo ponto: “Vai, Lu­­ciana”. E eu, nada. Aquela coisa ten­sa. Até que falei: “Vou pros co­mer­ciais”.

No programa você sempre faz comentá­rios do tipo: “Olha que magrinha”. Isso não reforça a ideia de que a mulher para ser bonita precisa ser magra? Gostaria de não ter essas coisas com comida, mas te­nho. Os anos de modelo me deixaram sequelas. Tinha sempre que ser mais magra do que conseguia. Mas nunca fui anoréxica nem bulímica, não conseguia vomitar. Todo mun­do vomitava e usava droga [nos anos 80 e 90]...

Você usou droga? Tomei remédio para emagrecer. Mas hoje minha alimentação é superbalanceada. Comer demais faz mal, é muita toxina para o corpo di­gerir e expelir. Quando alguém engorda mostra que não está bem consigo mes­mo. Agora, se a pessoa é cheinha e saudável, legal.

Você disse que engordou bastante duran­te a gravidez... Trinta quilos. Fiquei uma bola, me batia inteira, andava e sentia as coisas balançando. As pessoas falam: “Não consigo emagrecer”. Mentira. Você não quer ema­grecer. Porque não é fácil, mas todo mundo consegue, tem que que­rer muito. Para vol­tar dos 89 quilos para os 58 eu levei oito me­ses, numa dieta xiita. E dei de mamar oito meses para o meu filho. Fiquei assim [le­van­ta o dedo min­di­nho] só de raiva [risos].

Por que você engordou tanto? Foi uma gra­­­videz muito cobrada, difícil. Chorei por no­ve meses. Achei que meu filho fosse nas­cer com problema de tanto que eu chorava. Eu estava sozinha, não tinha apoio de nin­guém. A imprensa inteira me en­chendo o saco. Travei tudo, me reco­l­hi. Sabe o que é acordar e ver estampadas nos tabloides men­­tiras sobre você? Descobriram a se­nha do meu e-mail, fui expulsa de um apar­ta­mento na Ingla­terra e de outro na Aus­trá­lia porque a imprensa não parava de to­car a campainha. As pessoas me se­guiam, ven­­diam fotos, histó­rias, mentiras. Eu des­contava na comida.

Você pensou em abortar? Não. O que me dava força é que me apaixonei pela barriga. Quando temos uma coisa certa, fica tudo claro e é mais fácil enfrentar as dificuldades. Eu arrumava as roupinhas, fa­zia tri­­cô... Me incomodava quando as pes­soas falavam: “É o filho do Mick Jag­ger” e bo­ta­vam a mão na minha barriga. Eu falava: “Tira a mão da minha barriga!”.

Você tinha certeza de que era dele? Claro. Eu estava saindo com ele. Só se fosse da Ima­culada Conceição [risos].

Como você contou para o Mick? Contan­do: “Estou grávida”. Mas não foi fácil, ele es­tava saindo de uma relação, fez o melhor possível. Não gosto de entrar na intimida­de dele, que é um cara mui­to legal, expe­rien­te. Hoje o Lucas é o amor da vida dele. A gen­te briga pra ver quanto tempo cada um pas­sa com o menino.

Ele ainda era casado com a Jerry Hall (mo­de­lo e atriz americana e mãe de quatro dos sete filhos de Mick Jagger)? Aí tem que per­guntar pra ele. Mas não é bem como acham. Senão, eu teria ficado grávida por mais de um ano. Porque falam que cometi “atos ilícitos” naquela festa [na ca­sa do em­presário Olavo Monteiro de Car­va­lho, no Rio de Janeiro, em 1998, quando Lu­cia­na conheceu Mick Jagger].

Ouvi uma história de que vocês teriam tran­sado num canil... Também já ouvi essa. Ou na pia do banheiro.

E o que aconteceu? Fui convidada pelo Ola­vo e resolvi ir de última hora. Sabia que o Mick ia, todo mundo falou: “Cuidado, é uma pessoa do Rolling Stones”. Porque eu já tinha namorado o Rod Stewart [aos 17 anos, por três meses]. Falei: “Não quero mais enrosco”. Cheguei tarde e fiquei conversando com um barman. De repente senti um vulto. Quando olho, estava o Mick. Pen­­­­sei: “Meu Deus, não se mexe, daqui a pouco passa”. Aí o cara começou a falar co­migo. “Hi. Do you speak english?” [Lu­cia­na fala devagar, como se não tivesse fluên­­cia]. I said: “Yes”. E ele: “Where do you li­ve?”. I said: “London”. E ele: “Lon­don? Por que está falando assim?”. E eu: “Por­que vo­cê falou assim comigo” [risos]. Eu saí correndo. A Gló­ria Maria estava com a gen­te, viu tudo. Na hora do jantar, ele guar­dou um lugar para mim, me puxou. Ele per­guntou se eu queria ir ao show deles no dia seguinte. Eu disse: “Quero”. Ele fa­lou que mandaria os convites e fui em­bo­ra. [A Tpm conversou com Glória Maria, que contou a mesma his­tória relatada por Luciana e res­sal­tou: “Todas as mulheres da festa andavam atrás do Mick, mas ele se encantou pela Lu­ciana e ficava atrás dela. Uma hora, ela ainda comentou: ‘Mas ele está meio velho!’”. Risos.]

Vocês nem se beijaram nessa noite? Ima­gina! Você acha que eu sou mulher de beijar alguém que acabei de conhecer numa festa? No dia seguinte, fui ao show, mas cheguei supertarde. Ele ficou bravo, me levaram para o camarim. Eu falei: “Não estou entendendo a pressão”. Aí ele falou: “Va­mos jantar depois”. Concordei. Ele é um charme, uma coisa de louco, muito inteligente. Jantamos, ele pediu meu telefo­ne e passamos um tempo conversando, man­dando e-mail... aí, vai fazer o quê?

Você se apaixonou? Sim. A gente teve uma relação, bem mais tempo do que acham. Antes e depois do nascimento do Lucas.

Como foi abrir o teste de gravidez? Tinha engordado um pouco, e a chefe da minha agência, em Londres, disse: “Você está grá­­­vida”. Saí correndo para a farmácia. Eu fiz o teste e dei um berro no banheiro. Saí cor­­­rendo de novo. Comprei o pacote com seis testes, tudo positivo. Aí comecei a cho­rar. Duas bookers sa­fa­das viram tudo e ven­deram a informação de que era do Mick Jagger, porque sabiam que eu estava saindo com ele havia um tempo. Aí saiu na capa do The Sun: “I’m pregnant”.

Você praticamente não falou com a imprensa durante a gravidez? Não. Me ofereceram US$ 1 mi­lhão para falar do Mick. Mas não tem pre­ço. Nunca achei que ti­ves­se que me justificar. A vida é minha. Ele e eu chegamos a um acordo de que era melhor não falar, por­que o filho é nosso. Nunca quis expor minha vida pessoal.

Mas você já foi com o Lucas para o Castelo de Caras, quando ele era pequenininho... Fui... Não dá para não dar nada para a im­pren­sa. Se eu não mostrasse, iam pegar. De vez em quando, você negocia uma foto de lado, não dá detalhes de onde es­tá.

Você ainda evita divulgar imagens dele. É exigência do Mick? O Mick não tem nada a ver. Inclusive, o Lucas aparece mais com ele. Mas meu filho é criança, não tem nada a ver com isso. Se eu qui­ses­se, ele estaria em todas as capas de revista.

Como foi seu parto? Lindo, parto normal. Achei uma grande médica, o Mick que me in­dicou, era a da Uma Thurman. To­mei uma anestesia fraca para sentir as con­­­tra­ções. Dei cinco empurrões e mi­nha mé­­dica falou: “Bota a mão”. Tirei meu fi­lho de dentro de mim. Você se sen­­te um bi­­cho, o ego vai no chão. Pe­guei ele, mas, em vez de co­locá-lo no peito, fa­lei: “Ai, lim­­pa” [risos]. Ele nasceu perfei­ti­nho, a ca­ra do pai.

Bateu um desespero ser mãe solteira? To­­tal. Dormi uma semana. Pensava: “O que vou fazer?”. Até então, eu estava brincando. De repente, vem uma res­pon­sa­bi­li­da­de. Fiquei mais atenta, tomo mais cui­da­do com a saúde. Antes de sair, penso: “Quero ficar com meu fi­lho”. Hoje adoro ser mãe sol­­tei­ra, dou con­ta do recado.

Como é sua relação com o Mick? É ótima. Nos falamos sempre. Ontem mesmo estávamos conversando sobre a escola do Lu­cas... Negócio nor­­­mal de pai e mãe. O Mick não tem nada de estrela. Dou risada quando vejo pessoas agindo como estre­la porque conheci “a” estrela, e ele é uma pessoa simples.

Você dizia não acreditar em casamento. Mudou de ideia (ela casou em 2006)? Pois é, acredita? Me apai­xo­nei e casei, against all odds. Nos co­nhe­­ce­mos na Re­deTV!. Quan­do vi, estava enrolada. Ele é inte­li­gente e decidido. Me forçou a ca­sar.

Casou por amor? Por amor. Cafona, né?

Já ouvi pessoas te chamarem de “destrui­dora de lares” por causa de suas histórias com o Mick Jagger e o Marcelo. Como lida com esse rótulo? Essa carapuça nunca me serviu. Estou bem casada, me dou bem com a ex-mulher do Marcelo [Maria­na Papa], com os filhos, tudo em paz. Não dá pra nin­guém roubar ninguém de ninguém.

Muita gente diz que você chegou aonde está por ser casada com o dono da emissora... O Ibope não men­te. Não teria como me manter num pro­gra­ma ao vivo, no ho­rário nobre, se não fosse por mérito. Eu morava nos Estados Unidos quando me chamaram para fazer um cas­ting, assim co­mo Ana Hickmann, Fa­biana Saba e Mo­ni­que Evans. Quem me deu a notícia de que fui escolhida foi o Amilcare [Dallevo, só­­cio de Marcelo na RedeTV!]. Botei no meu contrato três me­ses de experiência. Ele achou estranho, todo mundo tinha con­­trato de cinco anos. Mas preferi ver se gos­taria antes de me amarrar.

Como é sua relação com dinheiro? Nunca fui graneira, viu?

Você usa só seu próprio dinheiro? Claro, ia usar o de quem?

Do seu marido... Poderia, né? Acho que ele poderia me dar uma grana [risos]. Pa­­­ra comprar coi­sas da casa, te­nho o car­tão dele. No geral, a gente racha.

Com o que você gasta seu salário? Bolsas, botas, computadores e presentes. Adoro aju­dar os outros, minha mãe, amigos...

Quanto você ganha? Não digo. Mas ganho bem, para o padrão da emissora, que está cres­cendo [especula-se que ela ganhe cerca de R$ 150 mil por mês mais merchandising].

Qual o valor da pensão que o Mick Jagger paga? Isso é particular. Mas ganho tão mais, que a pensão do Mick se tornou irri­só­ria. Nunca tive meu filho por dinhei­ro, tan­to que fui trabalhar. O que o Mick dá pa­ra o Lucas não daria para alugar minha ca­­sa [a casa de Luciana é espa­ço­sa, tem pis­ci­na, três quartos, três salas, copa, cozinha e três edículas]. A gente divide as contas, com prazer. Nunca briga­mos por dinheiro, por isso con­tinuamos amigos. Se o menino pre­­­cisar de algum dinheiro, ele paga.

Você foi para a Europa aos 16 anos sozi­nha. Como foi a mudança? Difícil. Saí da con­­dição de filha da Vera Gi­me­­nez [atriz de por­no­chanchadas dos anos 70] pa­­ra vi­ver com US$ 100 por semana em Pa­ris, on­de morei sete anos. Isso por­que meu pai [o empresário João Alberto Morad] não queria que eu fos­se. E, como eu andava mui­to, ti­nha bolhas no pé, alergia ao frio...

Como é a relação com seu pai? Ele é um amor, só que bicho do mato, que nem eu. Lem­bro dele brigando comigo para comer. Somos parecidos. Ele é curioso, de­­talhista, calmo e, ao mesmo tempo, bravo.

Sua mãe e seu padastro, Jece Valadão (que morreu em 2006), falavam sobre traição publicamente quando casados. Como era viver dentro dessa casa? Eu não participava. O Jece era legal comigo, jogávamos me­mó­ria. Era calmo e inteligente. Acordava ce­do e ia trabalhar. Minha mãe era artistona, espalha­fatosa, loira, cachos lin­­dos. Fui mo­rar com eles aos 10 anos. An­tes, morava em São Paulo com minha avó.

Como foi mudar para o Rio? Um choque, minha avó tinha morrido. Tive uma infância só eu e ela, estava acostumada com arroz, feijão, bolo de manhã. Lem­bro dela fa­zendo gemada pra mim. De repente, fui pro Rio, tinha motorista... Mas eu andava de ônibus, já era independente.

Você já era bonita? Eu chorava porque ti­nha 2 metros de altura. Era bem perui­nha, usava laçarote na cabeça. E minha mãe estava na novela, quando ia me buscar na escola as crianças atacavam. Eu achava aqui­­lo estranho. Durante anos, eu fa­lava que não queria ser atriz por­que não queria ser como ela. Agora tenho vontade de fa­zer ci­nema, mas quando eu era crian­ça era a fi­lha da Vera Gi­menez, não curtia. Com 14 anos, comecei a apro­veitar, entrar em festas... Nessa é­po­ca, fi­quei mais jeitosa.

Como virou modelo? O Jece tinha uma pro­­dutora, e eu comecei a fazer comerciais aos 12 anos. Jogava vôlei pelo Fluminense e pelo Botafogo. Treinava cinco horas por dia, aí me enchi de estar sempre machucada... E eu sempre quis morar fora, até para ser só a Luciana, e não “a filha da Ve­ra Gi­menez”. Saí do Brasil com 16 anos e, quando vol­tei, 15 anos depois, virei a mãe do Lucas Jagger [risos]. Aí entendi que nem uma coisa nem outra anulam que eu seja a Luciana. A ioga me trouxe essa noção. Quan­­do você faz a postura invertida, vê a mesma coisa de outro ângulo.

Você faz ioga há seis anos. O que mudou? Minha maneira de pensar. Tenho muita rai­­va, e a ioga me ensina a manter a calma, o foco. Antes de reclamar, penso no quanto sou feliz, que poderia ter algum problema. Mas não tenho do que recla­mar.

ESTILO LUIZ CARECA MAQUIAGEM SERGIO DI VICENTIN ASSISTENTES DE FOTO FÁBIO CHELINI E TAÍS MEDRI ESTÚDIO digital BURTIHD (WWW.BURTI.COM.BR) TRANSCRIÇÃO STENO DO BRASIL (WWW.STENO.COM.BR) AGRADECIMENTO REDETV!
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